Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/
Eduardo Luciano - Roda livre
Quinta, 03 Junho 2010 10:20
No próximo dia 11 passam nove meses sobre as últimas eleições autárquicas. Em condições normais é espaço de tempo demasiado curto para avaliar a prestação de quem ganhou, Em condições normais, quem obteve mais votos está, ao fim de nove meses, em estada de graça perante os eleitores.
Mas, convenhamos, não estamos em condições normais.
As consequências das opções erradas dos últimos oito anos gritam aos ouvidos dos mais desatentos e o município parece gerido numa perspectiva de sobreviver ao dia de hoje, sem qualquer visão sobre o que fazer amanhã.
A situação financeira agrava-se a um ritmo tal, que a ruptura já só é invisível para quem tem obrigação política e profissional de dizer o contrário.
As obras anunciadas em pleno período eleitoral, com inauguração marcada para esta primavera, não tiveram sequer um assomo de início.
As freguesias asseguram o cumprimento de obrigações municipais como o transporte e alimentação escolares, sem que as respectivas verbas sejam transferidas conforme consta dos protocolos assinados.
Muitos dos agentes culturais e desportivos esperam que os apoios contratados relativamente ao ano de 2009 sejam cumpridos.
A reacção de quem gere o município é mandar um ou outro cão de fila reagir contra este ou aquele agente, numa atitude muito típica de quem não consegue solver os seus compromissos.
É como se cada um de nós, tendo uma dívida ao restaurante lá da rua, em vez de encontrarmos forma de a pagar comecemos a pôr em causa a qualidade do produto que já consumimos.
As pequenas empresas do concelho que fornecem bens e serviços ao município esperam tempo sem fim para receberem a contrapartida das suas prestações.
Acrescentemos a este cenário as medidas que PS e PSD negociaram no âmbito do PEC e que vão reduzir substancialmente as transferências para os municípios.
Não sei se por causa deste clima de fim de festa, se por causa da incapacidade de pensar o concelho e agir em conformidade, quase tudo o que esta gestão tenta fazer acaba por demonstrar uma total desorientação.
O protocolo para a instalação do museu do design, que iria determinar o fim do Centro de Artes Tradicionais, provocou uma contestação que extravasou as fronteiras do concelho alargando-se a todo o distrito.
A Agenda XXI local, projecto assente no princípio da participação cidadã, parece ser entendida como algo que tem que ser feito, sem que se veja um real empenho político para a sua concretização. Exemplo dessa falta de empenho, a deficiente mobilização e divulgação para o 1.º Fórum de Participação e a atitude de desinteresse da maioria PS por esse evento.
Quando o Professor João Farinha agradeceu à Câmara o seu empenho, já só lá estavam dois vereadores da CDU para ouvirem o cumprimento.
A decisão de mudar a localização da Feira do Livro, num momento de grave crise económica e social revelou-se desastrosa.
Muito menos público, muito menos vendas e os livreiros perplexos com a decisão tomada. Num ano em que não há barraca nem barraquinha que não seja instalada na Praça do Giraldo (da pista de gelo à tenda para receber o primeiro-ministro) a decisão de mudar a Feira do Livro ainda se torna mais incompreensível.
Perante a decisão do Governo de encerrar a eito escolas do ensino básico, a maioria PS prefere assumir o papel de extensão do Ministério, a assumir a defesa das populações das freguesias rurais afectadas por mais este empurrão para o isolamento e desertificação.
São apenas exemplos (poderia continuar com muitos mais) mas que revelam uma gestão municipal a fazer lembrar os carrinhos de rolamentos da minha infância a descer a ladeira perto da casa onde morava. Em roda livre.
Até para a semana
2 comentários:
É de Évora que o articulista fala ou é do Alandroal ?
É que a semelhança é tanta !...
Muito bem observado pelo comentador anterior.
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