A LENDÁRIA GUITARRA – Nasceu para tocar o fado
Um velho artista português que, toda a vida vivera da música e, para a música, certo dia perante as dificuldades, foi obrigado a partir para o estrangeiro.
Passados porém alguns meses, começou a sentir – como seria natural – aquela pungente nostalgia que todo ou quase todo o português, verdadeiramente amigo da sua terra, sente e experimenta, ao ver-se em regiões estranhas ou agrestes, e longe para sempre da sua parvalhona aldeia
Lembrava-se vezes sem fim, das endémica paisagens e dos verdejantes pastoreios, ombreado de ribeiros, com os jardins floridos e com montanhas alcantiladas que, o seu lindo torrão inigualável exibia.
Recordando tantas e tantas vezes, deliciosos momentos, passados juntos do povo simples e alegre que, o compreendia e auxiliava quando necessário, esse mesmo povo que sabe divertir e animar a assistência com canções regionais, bailaricos, viras e corridinhos, sabendo muito bem, ainda que esquecidos, sabem sempre muito bem, vindos cá de dentro com calor e cheios de vida.
Ao recordar esses felizes momentos doutras eras, muito especialmente ao som de certas melodias famosas, tocadas por distintos conjuntos e orquestras que, nos davam volta ao miolo já naquele tempo, para não dizer de se poder chegar com facilidade ao êxtase, quando alguns deles, provindos da outra margem do Guadiana, fazendo uma perninha na disputa dos naipes musicais, «o trio de vozes espanholas harmoniosas, em computa com os instrumentos metálicos da Bass – pura maravilha,
Ao recordar esses felizes momentos de outras eras e seus mentores, como seja a família Salomé e outros, não esquecendo a trompete do Barradas que dispensava palavras e não de ouvidos, tal o profundo saudosismo que todos sentimos do que, tenho a certeza representam estas minhas ideias, a aceitação rigorosa por parte da minha geração.
Porque a emoção por vezes ultrapassa o imaginário, contudo não poderei esquecer o que pretendia concluir, tal como a alma do emigrante, quando esta se deseja desprender do corpo, voando para o espaço azul do seu torrão bendito.
Por vezes algumas lágrimas se vão deixando aflorar silenciosas, ao resvalarem pelo rosto abaixo, cristalizando os fios brancos da respeitável barba, rondando pouco menos, o septuagenário.
JPBR10621
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