sexta-feira, 30 de outubro de 2009

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM



Martim Borges de Freitas - O Novo Governo

30-out-2009
Entre a crónica da passada semana e esta que hoje aqui profiro, ocorreu um facto de enorme importância. De tão grande importância que arriscaria mesmo dizer que a nenhum comum mortal português terá passado despercebido. É que temos Governo! Temos um novo Governo. Já sabíamos, todos, quem seria o Primeiro-Ministro. Já suspeitávamos, muitos de nós, de quem seriam aqueles que constituiriam o núcleo duro, o blindado núcleo político, através do qual Sócrates pretenderia rodear-se nesta legislatura, exactamente uma daquelas legislaturas que se sabe quando começou mas que não se sabe quando vai acabar. Surpresas, quanto a este mais restrito núcleo político, apenas poderiam acontecer quanto às pastas que uns e outros iriam ocupar. E aconteceram. Surpreendeu-me Vieira da Silva, no agora superministério da Economia, como me surpreendeu Augusto Santos Silva, na Defesa.
Já relativamente ao resto do Governo, todos os nomes foram nomes de que não estava de todo à espera. Não porque estivesse à espera de ver a pessoa A , B ou C, em especial, no Governo, mas porque talvez estivesse à espera de ver políticos já feitos a conduzir pastas que, a priori, aconselhariam a ter gente experimentada a liderá-las, exactamente para atenuar o clima de conflitualidade que o anterior Governo, por uma ou por outra razão, criou e até alimentou. Ora, o que aconteceu foi que, José Sócrates e o seu mais restrito núcleo político, ao invés de terem escolhido políticos de reconhecida tarimba parlamentar para, no Parlamento, usarem toda a sua mestria para enfrentarem as várias oposições, entenderam seguir uma outra estratégia que parece visar uma espécie de desparlamentarização dos assuntos incómodos. Ou seja, em vez de Ministros para a Assembleia da República, Sócrates preferiu Ministros que, justamente fora do Parlamento, consigam falar com os agentes, com todos os agentes de cada sector que está sob a alçada de cada um. E, para isso, mais importante do que terem tarimba parlamentar, o que seria essencial era que fossem reconhecidos junto dos que são os seus interlocutores nos vários sectores. Com um Governo minoritário, pode discutir-se se esta estratégia de “um Primeiro-Ministro, dois Governos” é ou não uma estratégia inteligente. Do que não há dúvida é de que se trata de uma estratégia diferente. Que me recorde, trata-se mesmo de uma novidade. Que até pode gerar novos bons Ministros e novos bons Ministros bons parlamentares. Mas, o que parece é que se estes novos Ministros, sem curriculum político-partidário, foram escolhidos para eliminarem os conflitos sociais existentes, os Ministros reconduzidos, esses, foram-no para conduzir politicamente o Governo do país e, em Sede de Assembleia da República, proteger este novo Sócrates das investidas da oposição. É por essa razão que digo não se tratar, este, de um, mas de dois Governos, em que estando os dois subordinados ao Primeiro-Ministro, nenhum deles está subordinado ao outro. O que têm é missões completamente diferentes. Eis, pois, a nova estratégia socrática que só aparentemente é paradoxal: defensiva sim, mas perfeitamente preparada para atacar se e quando Sócrates considerar oportuno.

1 comentário:

Anónimo disse...

O Sócrates está gasto.
Só ganhou as eleições porque concorreu contra ninguém.
É preciso que apareça alguém tanto no PSD como no PS
para o afastarem, porque com ele não se conseguirá desmontar a imensa teia de corruptos e oportunistas, que têm estragado a vida a todos aqueles que teimam em continuar honestos.