terça-feira, 12 de maio de 2009

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM



Francisco Costa - Évora como cidade do mundo

12-mai-2009
As pessoas vêm as suas cidades crescer sem que tenham consciência do seu contributo para esse crescimento. A grande maioria de nós tampouco compreende como crescem as cidades ou o que dita o caminho que cada uma delas toma, o que faz delas mais belas ou mais caóticas, mais competitivas ou decadentes, mais harmoniosas ou contrastantes. Contudo qualquer um de nós identifica facilmente os traços distintivos de cada uma delas. Identificamos o resultado de séculos de respeito com a sua história e da harmonia com a modernidade, como acontece por exemplo com a nossa. Identificamos o crescimento desenfreado das megapólis, algumas tão grandes como Países, das que cresceram como dormitórios ou das que viram a sua vida desaparecer com determinada actividade comercial que justificou o seu nascimento.
As cidades sempre concorreram entre si não só por instinto de sobrevivência de comunidade mas para se tornarem mais fortes, competitivas e, muitas vezes, hegemónicas. O objectivo é quase sempre o de atrair investimentos, empregos, pessoas e riqueza. Hoje a concorrência é muito forte e feita à escala globo. As deslocalizações de grandes empresas de um País para o outro são frequentes e muitas ditam o equilíbrio e até a sobrevivência ou o fim das próprias cidades. Grande parte delas pretende atrair investimento a qualquer custo, outras, por possuírem características extraordinárias, podem escolher que tipo de investimentos ou que tipo de crescimento querem para si. Por isso o crescimento em determinados locais é tão planeado enquanto noutros decorre quase espontaneamente e sem ordem, pelos menos aparentemente. Cidades como a nossa, olhadas como um todo que integra o seu rico mundo rural, possuem ferramentas de gestão e um planeamento estratégico que definem as políticas municipais de desenvolvimento. Recentemente foi apresentado publicamente o Plano de Desenvolvimento Estratégico de Évora, encomendado pela própria Câmara à Universidade de Évora, e que construído em estreita ligação com os diferentes agentes da cidade, estabelece uma visão de como Évora deve ser em 2020. E que como será feito este desenvolvimento estratégico? Por via de uma mudança que já começou em 2001 que se estenderá pelo menos até 2020. Pela promoção de Évora como referência nacional na história, na cultura e no lazer, valorizando o património na redescoberta da cidade Promovendo Évora enquanto cidade das artes e dos artistas e como núcleo de indústrias criativas e da cultura. Tomando Évora como território de uso equilibrado de recursos, na qualidade de vida como um dos pilares da intervenção territorial de melhoria da sustentabilidade, na promoção da atractividade da nossa cidade. Requalificando e revitalizando o centro histórico e o ordenamento equilibrado da cidade com as suas envolventes Valorizando os produtos regionais de excelência. Promovendo a criação de condições que potenciem o empreendedorismo e a inovação, a imagem e o potencial da região, com base nas características que a identificam e que posicionam o concelho como destino turístico mundial e aposta na densidade empresarial e na capacidade de associação e de cooperação entre as empresas. Transformando Évora numa cidade de conhecimento e criatividade, com forte predomínio das tecnologias da informação, com capacidades reforçadas na área da educação, da formação profissional e da formação avançada e reforçando a base científica e tecnológica regional. Reforçando a vitalidade económica do concelho, na promoção de serviços de turismo de valor acrescentado e de produtos e serviços locais num mercado sem fronteiras, defendendo um reforço dos nossos níveis de abertura ao mundo e assumido o nosso carácter de cidade universal e universitária. Ora este não é um plano para executar em 2020. É um plano que se dará por concluído em 2020 e que aponta o que deve ser prioridade para que cheguemos a 2020 nas condições que escolhemos e merecemos. Quem constrói as cidades são as pessoas. Por isso, tal como já aconteceu com o debate do Plano Director Municipal, o Plano de Desenvolvimento Estratégico vai ser submetido a debate público, por via de cinco sessões públicas. Mas esse debate estender-se-á aos jornais, à blogosfera, às rádios e as conversas e discussões que temos uns com os outros. Num ano particularmente difícil para muitos, de onde se espera respostas responsáveis dos políticos, não serão juízos de valor de uns sobre os outros, intriga, maledicência, aventura, negativismo ou insultos que nos farão progredir. Serão as ideias e a capacidade para as colocar em prática, reforçando a ideia de Évora como cidade do mundo.

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