segunda-feira, 27 de abril de 2009

CENAS DA VIDA REAL

Quatro retratos de mulheres do Alandroal. Retratos tirados por quem as amou.

Quarto e último retrato---------Eveline-----

O nosso encontro deu-se no restaurante do Zé do Alto. Duas linhas para apresentar o Zé do Alto e o seu restaurante. Zé do Alto, porquê? Porque o Zé vivia lá em cima, no alto do monte, e quando perguntavam por ele, a vizinhança dizia - " qual Zé, aquele lá do alto?"---" esse mesmo"---- Pronto, ficou o Zé do Alto. Tão simples quanto isso. Vamos agora ao restaurante. É um restaurante enorme, que serve muito boa comida, exibindo uma enorme colecção de velhas alfaias agrícolas, e onde se organizam, com frequência, almoços e jantares para grupos. E eu tinha convidado os companheiros do CD que homenageava o grande rio do sul, para uns copos, no restaurante do Zé do Alto, exactamente na mesma noite em que decorria um desses jantares. Era uma mesa de mulheres bonitas, muito bonitas. Com o correr das horas e o efeito de alguns copos, começámos a falar de mesa para mesa e o convívio foi inevitável. Ainda se foram buscar as guitarras e alguns deram um ar da sua graça.
Destacou-se uma miúda, com ares atrevidos, que se abalançou para uns fados muito brejeiros. Eveline se chamava. Pois foi assim que os meus problemas mais recentes, em matéria de amores, começaram. Ela era professora e ainda não tinha sido colocada. Quis vir logo comigo para Lisboa. A novidade correu no meio e a Evita telefonou a recomendar juízo. Se as mulheres que me tinham amado, me deixaram quando foi mais conveniente para elas, porque razão achavam agora que podiam dar-me conselhos em matéria de amores?!!!.. digo isto porque também a Chibia ligou para dar os parabéns----- " pois esta minha nova situação tirava-lhe um peso de cima "----- disse, e ao mesmo tempo recomendava cuidado, porque ela sabia ( disse-me assim mesmo ) que eu era muito ingénuo com as mulheres. Que tal acham o descaramento?!!. Não me é fácil admitir, mas a Chibia tinha razão. Os amores só foram grandes da minha parte, porque do lado da Eveline duraram exactamente um Inverno e uma primavera. Assim que foi colocada na escola secundária de Bragança, não soube mais nada dela, nunca telefonou nem nunca respondeu às minhas mensagens.
Um dia meti-me a caminho. Encontrei-a logo à chegada. Estava com um colega que me apresentou como seu namorado. Sei que casou, que é feliz, e eu, hoje, até ajudo um filho dela a dar os primeiros passos nesta coisa a que chamam vida artística.

Alandroal, 12 de Maio de 2001
Rufino Casablanca

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