terça-feira, 3 de março de 2009

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

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Francisco Costa - Ganhar 2009

03-mar-2009
José Sócrates foi reeleito secretário-geral do Partido Socialista, num Congresso sem oposição interna. Há quem veja no facto motivo de preocupação e agite a problemática unanimista ou a da apatia. Como se fosse obrigatório encontrar uma culpa qualquer em José Sócrates, mesmo responsabilizando-o pela falta de consequência da acção de críticos como Manuel Alegre, cuja ausência se notou. Muitos comentadores viram no discurso de Sócrates uma certa dramatização que justifica o pedido de maioria absoluta. Não se pode dizer que o pedido não seja legítimo. Não nos podemos esquecer que o ano de 2009 é um ano de incógnita.
É que ninguém arrisca fazer previsões para a economia. Partidos à direita e à esquerda criticam os pacotes de ajudas que o Governo tem apresentado. Mas nenhum é convincente nas próprias propostas que faz, ora pelo lado do Estado absoluto na garantia dos direitos, ora pelo Estado mínimo na acção mas absoluto nos deveres. Acresce que Sócrates tem usado as palavras certas e as suas acções não são desconcertadas do resto na União Europeia. Desapareceu quase por completo a corrente neo-liberal que há bem pouco tempo clamava pela privatização do que falta privatizar e por Estados mais pequenos como se isso significasse directamente melhores economias. Ora a via parece ser generalizadamente a do estímulo através de obras públicas. Pode-se discutir quais mas não se ouve uma crítica à necessidade de haver investimento público. Mesmo do outro lado do atlântico Barack Obama prepara o maior pacote intervencionista de ajudas do Estado, nunca antes visto, com o intuito de reanimar uma economia à custa do aumento do défice do Estado. Não há soluções milagrosas, há soluções possíveis e sensibilidade social. O que diga-se, com a devida diferença de escala, é o programa de José Sócrates para o País. Não é um programa messiânico nem trata de substituir a economia pelo Estado. É o reforço da aposta na educação, na inovação tecnológica e na formação. E é o tudo por tudo para aguentar a crise do emprego e minimizar os impactos negativos do desemprego e dos grupos mais desfavorecidos. Há ainda uma outra nota em relação ao Congresso do PS e que tem de ver com a apresentação de Vital Moreira como cabeça de lista dos socialistas às eleições Europeias. Não só Sócrates apostou num académico reconhecido como deu a essa escolha um tratamento exemplar de discrição. É um facto positivo num país tão habituado a transformar em novela a sua vida política. É natural o novo pedido de maioria absoluta de Sócrates. Não admitindo uma resolução tipo bloco central, que provavelmente agradaria a Cavaco Silva, e sem condições de fazer alianças com os velhos inimigos comunistas ou os instáveis do Bloco de Esquerda, a Sócrates não resta senão pedir redobrada confiança para que se consiga atravessar este tempo conturbado. Por isso o ano de 2009 é um ano tão caro ao PS como aos portugueses. O PS com três eleições difíceis para ganhar, num país mergulhado numa crise económica e os portugueses pouco interessados em acrescentar-lhe uma crise política.
Obrigado e até para a semana.

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