sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

Martim Borges de Freitas - Por uma nova marioria

27-fev-2009
2009. Estamos no ano da grande ronda eleitoral. Passaram-se quatro anos sobre as últimas eleições legislativas. Exactamente aquelas em que o PS obteve, pela primeira vez, uma maioria absoluta. Recordemos, pois, algumas das promessas, então, garantidas. Em 2005, o PS prometeu 150 mil novos postos de trabalho; em 2008 e ainda sem a crise, os portugueses desempregados ultrapassavam já os 8%; agora, em 2009, obviamente que ter emprego tornou-se mais difícil. Em 2005, o PS prometeu um sistema nacional de saúde eficiente, humanizado e acessível; em 2008 e ainda sem a crise, mudou de ministro; agora, em 2009, não há registo de melhoras. Em 2005, o PS prometeu uma apaixonada reforma para a Educação; em 2008 e ainda sem a crise, quis avaliar professores; agora, em 2009, já só se pede que seja o Ministério a fazer uma auto-avaliação. Em 2005, o PS prometeu mais justiça; em 2008 e ainda sem a crise, restava-lhe o acordo privativo com o PSD; agora, em 2009, já nem deste se ouve falar. Em 2005, o PS prometeu reformar a Segurança Social; em 2008 e ainda sem a crise, já os portugueses não sabiam qual a reforma de que iriam afinal poder usufruir; agora, em 2009, é a incerteza a coisa mais certa para o futuro dos reformados. Em 2005, o PS prometeu choques na Economia; em 2008 e ainda sem a crise, já nem as gaffes do ministro chocavam os portugueses; agora, em 2009, é o ministro que aparece com ar de chocado.
Não seria difícil continuar a desenrolar, à mesma cadência, o rol de compromissos, prometidos e não cumpridos, que a máquina propagandística do Governo não se tem cansado de tentar ocultar. Desde a OTA, digo, Alcochete, até à Agricultura e ao Mundo Rural, passando pelo abandonado Interior e pelas Forças, de Segurança e Armadas, e terminando na “complex” Reforma da Administração Pública, sem cair na acusação fácil, muitos são, de facto, os incumprimentos que se podem apontar ao Governo e ao PS. E se nos conseguirmos colocar no período de antes da crise, é nos impostos, no aumento dos impostos e das taxas, na voraz predação fiscal do Governo, que se vê o seu traço mais distintivo. Saindo das tais encenações propagandísticas e indo à crua realidade dos factos, uma curta redução do défice das contas públicas ao fim de três anos de esforços e de muitos sacrifícios de todos, sem que tenham sido tomadas medidas estruturais e de fundo para a resolução sustentada do problema, é pouco, muito pouco. Como hoje, já completado o quarto ano da velha maioria, em plena crise e com o orçamento suplementar em vigor, se pode constatar com bastante mais nitidez. O que acima disse faz evidentemente parte do discurso das oposições. Mas, fazer oposição não é dizer umas tiradas que até podem ficar no ouvido, não é acusar a torto e a direito o Governo, não é apenas denunciar aquilo que o Governo prometeu e não fez - ou que nem sequer prometeu e fez, mas fez mal - nem é, tão-pouco, confrontá-lo chamando ministro atrás de ministro, alto-funcionário atrás de alto-funcionário, à Assembleia da República, num afã tarefístico que não é, nunca foi, sinónimo de qualidade. Fazer oposição é muito mais. Fazer oposição é criar e ter políticas alternativas. É dar-lhes corpo, é torná-las coerentes. É criar e ser Alternativa. É ser sonho. Escrevi isto mesmo há um ano. Um ano depois, constato que é por isso, essencialmente por isso, que a oposição não tem sido capaz de capitalizar as debilidades de um Governo que vive, por todas as razões - menos, paradoxalmente, por causa da crise -, o seu pior momento. Não foi, não é por mérito da oposição que o Governo está no estado em que está. Urge, pois, uma nova maioria. Há, aliás, todo um país a pedi-la. E Portugal precisa que seja oferecida uma outra escolha àqueles que não têm onde votar e sobretudo àqueles que, em 2005, votaram na velha maioria. Talvez seja a hora de citar Edmund Burke para recordar que “tudo o que é necessário para que o mal triunfe é que os homens de bem nada façam”.

1 comentário:

Anónimo disse...

Atenção

Ver Comentário inserto no texto da Crónica da Rádio Diana,a este mesmo propósito e sobre o mesmo assunto.Ou seja,sobre o Futuro a curto prazo que já espera o PS e J.Socrates.


A.N.B.