quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

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Eduardo Luciano - A cor da campanha

12-fev-2009
Mais um debate parlamentar com a presença do primeiro-ministro e mais uma oportunidade perdida para se discutirem questões sérias, de interesse geral e que possa aflorar as preocupações crescentes da maioria dos portugueses. Os dois partidos do centro político entretiveram-se a atirar bolas de trapo um ao outro abordando questões tão importantes como as caricaturas do chefe do governo nos cartazes da JSD, ou as caricaturas dos membros do governo de Santana Lopes publicadas no jornal oficial do PS (desta vez estou mesmo a falar do Acção Socialista). Pelo meio ainda houve tempo para as habituais traulitadas de Santos Silva, que ameaça ficar conhecido como o inquisidor mor do reino. Bem tentaram os outros partidos trazer à discussão a situação económica e a ineficácia das medidas adoptadas para combater a crise.
Bem pode Jerónimo de Sousa questionar o governar sobre o que pretende fazer às empresas que ao primeiro sinal de diminuição dos seus lucros, depois de receberem apoios e incentivos do Estado para criarem emprego, levantam a tenda e promovem despedimentos colectivos escudados na crise. Ou, questionar sobre o empenho na salvação do BPN por comparação com a inércia no apoio às micro, pequenas e médias empresas que constituem mais de 90% do tecido empresarial português. Sócrates conseguiu desviar o debate para a ofensa pessoal que é ver o seu nariz representado de forma exagerada nuns cartazes que os juvenis do PSD colocaram. Este debate e a forma como o primeiro-ministro habilmente colocou a discussão no ponto onde lhe interessava, é bem elucidativo do que se irá passar até ao início das campanhas eleitorais. A história da suposta “campanha negra” está a servir que nem uma luva os interesses de Sócrates e a dar uma ajuda fundamental na criação da imagem do primeiro-ministro como um homem injustamente acusado e vítima de interesses obscuros ou de uma forma abominável de fazer política. Não faço ideia se existe alguma campanha mas, a existir, fico com a ideia que os seus autores estarão muito mais perto do supostamente atingido do que em qualquer outro lado. O jeito que tudo isto está a dar ao homem para desviar as atenções do único julgamento que está para breve: o julgamento das políticas levadas a cabo nos últimos 4 anos e que levaram o país para uma crise que já existia antes da tão propalada crise global. Uma coisa que qualquer leitor de livros policiais sabe, é que, quando se trata de encontrar suspeitos, a lista se reduz àqueles que beneficiam com o crime. Estando Sócrates a beneficiar com todo este estardalhaço à volta do caso Freeport, para desviar as atenções do essencial, é caso para perguntar se em vez de uma “campanha negra” não estamos perante uma “campanha cor-de-rosa”.
Até para a semana

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