Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/
José Policarpo - É imperioso moralizar o país!
11-fev-2009
Esta crónica foi escrita na cidade do Porto, cidade discreta, mas bela como todas as mulheres discretas. Os dias têm estado demasiado chuvosos e, com muito pouca luz. Este status meteorológico faz-me lembrar o nosso país, quanto mais se o entende, mais se fica com a sensação que o nevoeiro sebastianino veio para durar e infernizar as vidas dos portugueses. Com a excepção daqueles que se movimentam nas águas nauseabundas dos pântanos do sistema. Antes do mais, saliento, embora seja uma gota de água no oceano, a intenção do actual governo em por fim ao sigilo bancário, nas situações em que os rendimentos apresentados à máquina fiscal, são manifestamente insuficientes para aquisição de bens sujeitos a registo superiores 250 000, entre outras situações. Parece-me uma boa medida mesmo que, segundo alguns, ela possa levar à fuga de capitais para o estrangeiro.
É imperioso e dever maior de quem gere a coisa pública fazer tudo para moralizar a vida em sociedade, de criar condições para que as pessoas possam viver sem suspeições; que só aqueles que têm bons conhecimentos é que levam uma vida condigna, de que só alguns é que têm direitos e privilégios e os demais uma imensidade de deveres e obrigações. O mundo e, consequentemente, Portugal vive debaixo de uma crise económica muito considerável, já aqui tive a oportunidade de dizer que o momento não é de se tentar encontrar e perceber as causas e os respectivos culpados, mas de se encontrar soluções. Vamos viver nos próximos anos metidos num “colete de forças” com o encerramento de muitas empresas e o inerente despedimento de milhares de pessoas. Esta dramática realidade irá conduzir, necessariamente, a grande tensão social, temo mesmo que o poder caia na rua. Com efeito, retomando o que foi dito em cima, a moralização da vida em sociedade é condição “sine quanon”, para projectarmos um futuro mais digno para um maior número de pessoas possível, para que as assimetrias económicas e sociais sejam cada vez menos acentuadas, quer mundial, quer a nível nacional. Dito isto, se nada for feito em prol da moralização da vida em sociedade, acrescendo a isto, a crise económica e financeira existente, o colapso social será uma realidade. Por isso, os mais capazes, aqueles que detém maior riqueza e, consequentemente, poder, têm obrigações acrescidas, com efeito, a sua contribuição ainda, que, acarrete a perda de privilégios e direitos é indispensável. Chegou a hora de acordarem, porque o problema irá, também, bater-lhes à porta, caso não encarem a realidade tal como ela é.
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