segunda-feira, 13 de outubro de 2008

PARA MEMÓRIA FUTURA

Augusto Mesquita é um Montemorense, que tal como eu, não sendo saudosista, gosta de recordar episódios passados que contribuíram de qualquer forma para a história de certas valias que ainda hoje se conservam. Foi graças à leitura das suas crónicas publicadas na folha de Montemor, que hoje sei que Montemorenses em número muito elevado deram a vida em prol da Liberdade: António Joaquim, José Gomes (o Cabeçana), Raul José Sabino, (no tempo de Sidónio Pais).
Germano dos Santos Vidigal, José Adelino dos Santos, (no tempo do Salazarismo).
José Geraldo Caravela, António Maria do Pomar Casquinha (já no pós 25 de Abril, em defesa da reforma agrária).
Apenas conheço o Sr. Mesquita de encontros fortuitos quando por acaso ficamos lado a lado nos encontros (mais dele do que meu) União. Para mim o J.S.A. será sempre o primeiro.
Foi ao ler os seus escritos, publicados na “folha de Montemor”, que me ocorreu relembrar factos aos quais estive ligado e, dos quais deixei muito escrito em livros de actas que julgo perdidos (infelizmente), e que na altura contribuíram para, se pelo menos não morressem certas iniciativas, hoje possam ter a grandeza que, por certo se perdidos, não teriam o brilhantismo que hoje têm.
Também, e “isto” é digno que fique registado porque vejo que no Alandroal há jovens que se interessam pelo passado de tão nobre Vila (uma saudação especial ao Rosinha, ao Kayato ao Jeremias, entre outros).
Para que a sequência não se perca vou durante a semana escrever sobre:

FESTA DE SETEMBRO
RÀDIO CÁTÁ
ESPLANADA
BVA
FUTEBOL.

Baptista Bastos :
“a memória é a última coisa a morrer, não a esperança”

Miguel Torga :
“ter um destino é não caber no berço
Onde o corpo nasceu
É transpor as fronteiras uma a uma
E morrer sem nenhuma
(…)
Sem ver se foi vencido ou se venceu”


FESTA DE SETEMBRO

Conforme já havia escrito em crónicas anteriores as Festas de Setembro eram realizadas por Comissões de Festas que assumiam todos os riscos: podiam ter que pôr do bolso, ou meter no bolso.
Com o renascer da Banda Municipal do Alandroal e graças ao dinamismo do seu Director (Juvenal Roma, e empenho do então Presidente da Câmara, Sr. Cisneiro) as Festas passaram a ser realizadas pela B.M.A. que passou a usufruir de todos os lucros para proveito da Instituição.
As principais modificações traduziram-se na alteração da data das mesmas (do último Domingo de Setembro passaram para o primeiro) e do Arrequiz passaram para a Praça da Republica).
Por divergências várias a Banda desistiu das Festas e corria-se o risco de pelo menos nesse ano o Alandroal ficar sem as suas tradicionais Festas.
Na altura era eu o Presidente da Sociedade Artística e o José Fontes (actual Comandante dos Bombeiros o “braço direito”.
“Numa das tais conversas” e por minha sugestão (dado que a S.A.R.A. (Sociedade Artística) possuía um fundo de maneio de 50 contos, provenientes da venda dos Casarões, poderíamos abalançar-nos para a realização das Festas, pois se houvesse prejuízo tínhamos dinheiro para lhe fazer face.
Havia que o mais rápido possível convocar uma Assembleia-geral para obter a devida autorização.
E a mesma realizou-se sob a Presidência do Sr. José Belo, e na qual há a salientar o papel corajoso de Sr. António do Lucas (o pai do Chico Espeta Figos) que pôs à consideração: “não se tocam nos 50 contos, está aqui um papel de 25 linhas e cada um “escarrapacha” o seu nome e a importância com que entra se houver prejuízo.
E assim se fez.
Depois foi só arranjar colaboradores à altura: António João – Kagano - Tói – Malato -. Grilo – Zé Belo - Balsantes - Zé Colunas – Salvador – Baldoneiro, Rufino, Manuel Coelho e muitas jovéns (por certo houve mais, mas …só me resta pedir desculpa por não me acudirem à memória).
Não foi fácil… muitas noites perdidas, muitas reuniões, muitas discussões, algumas “brigas”, mas hoje somos todos grandes amigos e até gostamos de recordar esses tempos.
Há… as reuniões eram nos Correios, (tinham a logística necessária) e muitas vezes saíam os “festeiros” e abriam os CTT.

Algumas curiosidades:
Já agora fique a saber, ou recorde:
Enquanto organizadas por comissões as festas tinham inicio no Domingo (último de Setembro) e terminavam terça-feira.
Quando começaram a ser organizadas pela B.M.A., passaram para o 1º Domingo de Setembro passaram a ter início Sábado e terminavam terça-feira .
Que nas vésperas do primeiro dia do início das Festas cerca das 22horas eram lançados foguetes para que o pessoal fosse ver as ornamentações e aquilatasse da potência dos foguetes.
Que as Festas começavam pelo ribombar dos foguetes às 08,00 h da manhã e se seguia a alvorada pela Banda que além de percorrer as principais artérias da Vila, saudando a população, “abancava” na casa dos Festeiros onde estava sempre a “mesa posta”.
Que nessa altura os bailes se realizavam na Praça de Touros, e que após a Tourada era posta a descoberto uma placa de cimento onde se bailava.
Que se pagava, e bem, pela entrada no baile e pelo aluguer de uma mesa onde as famílias se sentavam.
Que se pagavam 25 tostões para ver o baile.
Que muitas vezes as pessoas andavam a bailar e a divertir-se na Praça e Touros e nos curros já estavam encerradas as “feras” para serem pegadas no dia seguinte.
Que de Espanha vinham os melhores Conjuntos de baile para abrilhantar a função..
E no meu tempo:
Que no primeiro ano em que a S.A.R.A realizou as Festas as mesmas tiveram início com um desafio de Futebol entre o Alandroalense e o Redondense e que o Alandroalense ganhou por 2 a 1.
Que foram feitas criticas demolidoras porque os Festeiros acompanharam Procissão “em mangas de camisa” quebrando o protocolo do “casaco e gravata”.
Que chegaram a ser 6 os toiros (em vez de 3 vacas e 3 toiros) nas touradas, e que os festeiros tinham que pedir à rapaziada de Bencatel comandada pelo Bimbas, e aos do Alandroal com o Sousa em destaque, para não pegarem os toiros logo à saída dos curros, para que a corrida durasse o tempo regulamentar.
Que durante uma noite da Festa e por sugestão do Feijão foram deitados foguetes de hora a hora (para que o “pessoal” não dormisse).
Que os primeiros dinheiros provenientes dos lucros foram aplicados (por insistência do Zé Kagano) na ampliação da antiga praça de touros (principal responsável pela angariação dos dinheiros para a festa).
Que com o dinheiro proveniente das touradas se pagava a iluminação (a cargo do Chouriço de Estremoz), do fogo de artificio (de Alves Ameixoal e filhos Lda do Sardoal e representados pelo Salvador Colunas) e da Banda.
Que o único ano em que as Festas deram um lucro diminuto (quase a rondar o prejuízo) foi quando organizadas pela S.A.R.A e pelos Bombeiros. E tudo isto motivado porque as principais atracções vinham à borla (Banda e 5 Fanfarras) que não levando dinheiro tinham que comer (e se comiam bem).
Que as flores que ornamentavam o Andor da Padroeira, eram oferecidas por uma Senhora que nunca chegamos a descobrir quem era, e chegavam na “carreira” das 14,45 , e a Procissão tinha início às 15,00 H.
Que o primeiro a arriscar uma Semana de duração das Festas foi o Carlos Gomes que lhe chamou Semana Cultural.
Que foi também ele foi o primeiro a realizar uma “nocturna” a fechar as Festas, tradição que ainda hoje perdura.

Foi um desfilar de recordações… muitas mais tenho na memória…talvez outros me sigam o exemplo, e, nos comentários queiram contribuir para a “história” do Alandroal.
Xico Manel

9 comentários:

enforcadinho disse...

http://ruadosenforcados.blogspot.com/

Unknown disse...

O Malato não começou connosco. Entrou com o Cabeça de Água Dyrup um ou dois anos depois.
O primeiro baile que fizémos na sexta-feira deu prejuizo e vimos o caso mal parado.Os foguetes das quatro da manhã eram para acordar o Manuel Biga e foi idéia do Salvador, mas quem ficou com a fama fui eu

francisco tátá disse...

A verdade é que o Malato impunha respeito como porteiro... e o Dyrup era tão bom na tómbola que ainda este ano lá estava a dar conta do recado.
Agora essa dos foguetes...tu queres é sacudir a água do capote...quem deitava os foguetes era na verdade o Salvador, mas a idéia foi tua.
Olha amigo bons tempos que gosto de recordar.
Um abraço
Xico

Unknown disse...

Estás a ficar velho e a esqueceres-te das coisas.
1º- a idéia dos foguetes foi do Salvador mas claro que contou logo com o meu apoio
2º- O Rufa só mais tarde entrou para a trupe, nos primeiros anos quem tomava conta da igreja era o Zé Belo
3º- os porteiros mais impunentes eram o Kagano e o Néi
4º- estás a esquecer o Manuel Roma e o Desidério

francisco tátá disse...

Tá bem abelha...Ainda eu lembrar-me destas coisas...já não é mau.
Vá lá que ainda não me "picaste" por eu ir de fato e gravata à Procissão...ou quando passei uma noite inteira à procura de dez tostões, porque as contas não batiam certas.

Unknown disse...

Se tivéssemos menos uns anos ainda propunha fazermos novamente as festas para pelo menos alguém ter de prestar contas das mesmas.
Para quando uma referência à revista "ALANDROAL TERRA MINHA"?

Anónimo disse...

Aqui está o "português médio",não é capaz de mexer o traseiro para ir a uma Assembleia Municipal e perguntar "olhos nos olhos" o que pretende, prefere lançar desconfianças sem ter o mínimo de dados, apenas e sempre a velha desconfiança sobre tudo e todos.
Concerteza que se for à sua Assembleia e perguntar, alguém lhe responderá, ou no mínimo, o que tem que fazer para obter essa informação.
Além disso, deviam saber que, fruto da lei deste Governo que vocês criticam a torto e a direito, sem sequer cuidar de se informarem minimamente, obriga a que os contratos de artistas (seja músico, toureiro, etc.)contratados pelas Câmaras, são obrigatoriamente colocados os valores numa base de dados acessivel na internet.
Obrigatoriamente lá estarão os da vossa Câmara.
Assim fosse também com os particulares.
Mas aí tudo é desculpado com a velha "estória" de que não pagar impostos é "roubar ao Estado ladrão" sem perceber que quem não declara impostos está a roubar verbas que pertencem a todos nós.

Anónimo disse...

Quem é "o advogadosinho do diabo" que metendo os pés pelas mãos se mete onde não é chamado?
Ou será que é chamado?

Anónimo disse...

O "advogadosinho do diabo" é uma pessoa que tenta ser justa nos comentários e que sempre lutou pela liberdade de expressão.
Como tal será também sempre um lutador contra aqueles que utilizam essa liberdade de expressão para debitar veneno sem qualquer objectivo de construir opinião séria e fundamentada, havendo mesmo alguns casos que se poderiam apelidar de meros desabafos de mal amados ou mal "fu...as" (com as desculpas devidas pelo excesso de linguagem).
Esclarecido o assunto, tenho de facto que pedir desculpas porque este comentário veio erradamente para este item onde a discussão é amigavel e sobre uma experiência que eu desconheço. Por este erro peço desculpas.