sábado, 6 de setembro de 2008

O PONTO ALTO DA FESTA DE SETEMBRO

A PROCISSÃO DA PADROEIRA - NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO





Tocam os sinos da torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passar a procissão.

Mesmo na frente, marchando a compasso,
De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço,
Logo o trombone faz popó, popopó.

Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados,
E os capacetes rebrilham ao sol.

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Olha os irmãos da nossa confraria!
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!

Ai, que bonitos que vão os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos.
E o mais pequeno perdeu uma asa!

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.

Pelas janelas, as mães e as filhas,
As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas,
Parecem de anjos que vieram do Céu!

Com o calor o prior aflito.
E o povo ajoelha ao passar o andor.
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor!

Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Já passou a procissão.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Senhora que és padroeira
Da nossa terra hospitaleira

Nossa Senhora da Conceição
Que está no seu altar
Todos lá vamos ajoelhar
E a cantar, a cantar
Vamos rezar

Oremos p'la nossa voz
Nossa Senhora rogai por nós

Nossa Senhora da Conceição
Que está no seu altar
Todos lá vamos ajoelhar
E a cantar, a cantar
Vamos rezar

Unidos a uma voz
Nossa Senhora rogai por nós

Nossa Senhora da Conceição
Que está no seu altar
Todos lá vamos ajoelhar
E a cantar, a cantar
Vamos rezar.

xxxxxxxxxxxxx

Procissão além da fé.

Saindo lá de baixo
Ou cá de cima
Dispersa ou em cacho
Segue a sina
Descalça ou calçada
Dirigida, acompanhada
Vão anjinhos
Pessoas concentradas
Nos caminhos
Engravatados, enfiados
Nos fatinhos
Novos ou a ferro passadinhos
Mais parecem medir meças
Aos vizinhos
E assim vai saindo a procissão.
E nas borlas dos andores
Mãos carolas
Cheios de cor
Quais doutores
Ao lado das raparigas
Pintadas
Vermelhudas, prateadas
Mais parecem importadas
Com decotes malcriados
Estrangeirados
Com valores
E assim vão caminhando os andores.
Com pena, cheios de pena
Coitadinhos
De asas carregadas
Pequeninos
Pés doridos, apertados
Do calçado
Já maldizem o caminho
E assim vai
Obrigado pelo pai
O pobre anjinho
Sempre juntos aos andores
Carregados cheios de dores
Estropiados, bem fadados
Já cansados
Mas lá vão
E assim se vai compondo a procissão.
E a guarda?
Bem fardada
Douradinha e aprumada
Com olhos de observador
Nas paragens do andor
Ao cair o dinheirinho
Sem pressas no caminho
Não se perca o devedor
E assim se vai aliviando tanta dor.
Toca a banda sarabanda
Uma marcha
De tanto ouvida
Já gasta, que agasta
Quem a ouve
E quem vê
Os foguetes lá no ar
A iluminar
Ideias tacanhas
Cheias de manhã
Parafusos, obtusos
E confusos
Logo param de rezar
E para o céu a olhar
Agradecidos, extasiados
Alguns petrificados
Já se julgam no altar
E assim vai entrando a procissão.

Comigo a observar
E a tomar esta medida
Malcriada e atrevida
Que não devia contar
Com risco de blasfemar
Ou de nunca mais versar.

Helder Salgado

Sem comentários: