(POR VEZES TENHO A IMPRESÃO QUE NÃO É DADA A DEVIDA VÉNIA A GRANDES COMENTÁRIOS QUE AQUI SÃO COLOCADOS)
Recantos com encanto
Qu'o encanto não perdeste
Do teu doce e suave canto
Nesse encanto me prendeste
Vivo contigo encantado
Em raízes do teu querer
De Ti estou enfeitiçado
Na pureza do teu Céu
Que espelhas em tuas águas
Libertei o sonho meu
Afoguei as minhas mágoas
Sem baixar minha cerviz
Muito menos o meu peito
Em nenhuma época o fiz
Nem Tu me deste o jeito
Ao nosso Alentejo eu canto
Liberto e sem segredo
Com o poder do encanto
De quem não conhece o medo.
Á minha Terra, á Fonte, á Maria Joana.
Com três cântaros carregada
Na mão, no quadril e na cabeça
Pelo seu esforço lembrada
Melhor sorte hoje mereça.
Esta senhora, na altura rapariga, simboliza a então mocidade de Terena, que em arraial se juntava á espera de vez junto á Fonte, no Jardim de Terena.
Utilizavam-se os carros de mão, com a capacidade de transporte para
dois ou quatro cântaros, normalmente transportados por rapazes. As raparigas levavam as bilhas em mão, ao quadril ou á cabeça, mas nenhuma, que me lembre, o fazia como a Maria Joana.
Para não se magoarem serviam-se de rodilhas, toalhas enroladas sobre si mesmo.
Ali se trocavam olhares, prenúncio de namoricos, dialogava-se trocando ideias, ali se começou a discernir o bem do mal, ali se começou uma das primeiras etapas de vida.
Na Fonte pode ler-se o nome do Eng. Duarte Pacheco, ministro do Governo de Oliveira Salazar.
A inserção do Presidente da Junta perpétua o nome de José Coelho de Paiva, homem activo e empreendedor.
Um verdadeiro "Amigo de Terena" no sustentáculo da luta pela continuidade do esplendor de Terena, no começo do declínio da sua importância, motivado pela perda do Concelho.
O Fontanário.
Foi uma grande benfeitoria para as pessoas que viviam na Vila, como então se chamava a parte alta de Terena.
Ao fundo vê-se perfeitamente, o azul da água da barragem do Lucefecit.
Se a Maria Joana, simboliza de algum modo, a luta pela sobrevivência na vertente água, do mesmo modo aquele fundo azul, atesta e simboliza, a luta democrática e colectiva de um Povo, que soube aproveitar a Liberdade, manifestando-se e intervindo para alcançar, com êxito, o seu objectivo, a retenção da água na Ribeira do Lucefecit.
Essa mesma Liberdade, cada vez mais ameaçada e controlada pelo Poder, que cada vez mais se serve do poder, para alcançar, sem escrúpulos, os seus fins.
A Rua encontrará, como já o fez noutras ocasiões, a terapêutica necessária, adequada e combativa a essas restrições.
Basta coragem.
Obrigado.
Helder Salgado.
22 Agosto, 2008 17:53
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