terça-feira, 8 de julho de 2008

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

http://www.dianafm.com/

A velha alternativa

08-jul-2008
Mesmo sem saber que obras públicas o PSD quer ver travadas (o próprio PSD parece ter tantas dúvidas em relação a isso), impressiona-me que se pretenda que receitas políticas requentadas como esta funcionem como solução para uma crise que por ser crise encontra poucas alternativas de resolução e, as que existem, na ausência de confiança, ainda menos garantias nos dão. Daniel Bessa, economista, chama-lhe uma inevitabilidade da condição humana.
A vontade de obstruir os investimentos público lançados pelo governo demonstra pelo menos que o PSD não mudou nada desde o discurso da tanga de Durão Barroso e que, fazer a apologia do beco sem saída, num clima de pouca confiança como o que vivemos, só dificulta mais ainda a criação do ambiente de optimismo necessário à recuperação da economia. Miguel Beleza, ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva e ex-governador do Banco de Portugal, está optimista com o ano de 2009. Como está o Governo com o desenvolvimento da economia e do emprego. Ainda assim o discurso de Manuela Ferreira Leite é tanto mais eficaz quanto irresponsável. Eficaz porque a ideia mais fácil de passar aos portugueses num momento em que se vive com tanta dificuldade, é a de que é preciso desviar dinheiro dos investimentos (não esclarecendo quais) para atenuar a crise social (sem que saibamos com que medidas em alternativa às que estão a ser implementadas). Irresponsável porque para além de alimentar o bota-abaixismo no País, não aponta uma única perspectiva ou solução. Dá sim voz aos medos e aos preconceitos da mentalidade nacional. Alimenta a ideia que a solução não reside em nós mas no Estado (sem que isso signifique a defesa de um Estado assistencialista). Ora o País não se governa nem com demagogia, muito menos com resignação. Os portugueses têm na memória as obsessões pelo défice (expressão de Manuela Ferreira Leite enquanto ministra das finanças) e pelas crianças em lista de espera nos hospitais (expressão de Durão Barroso para justificar porque não avançaria com um novo aeroporto). O défice não foi resolvido com a obsessão de Manuela Ferreira Leite (que usou de receitas extraordinárias irrepetíveis como a venda do património do Estado e o aumento dos impostos sobre os portugueses) e não foi a travagem do projecto do aeroporto que reduziu o número de crianças em espera nos hospitais. Perdemos tempo com essas política e piorámos a nossa qualidade de vida. Por isso espero do Primeiro-Ministro, o que se espera de um líder político: que não se dobre à adversidade e que insista no programa de reformas e de investimentos que tem para o País. Hoje é muito mais útil comprar canas de pesca em vez de se começar a distribuir peixe.
Obrigado e até para a semana.
Francisco Costa

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