O 14º Congresso de uma parte do Alentejo
17-jun-2008
Estive envolvido na organização do XIV Congresso do Alentejo com o compromisso de unir e não dividir. E não fosse o expectável expediente a que se recorreu para contornar o que se decidiu por consenso, o encontro teria iniciado o processo necessário de mudanças. Apesar da aparente abertura, o Congresso esteve longe de ser um fórum de debate plural e muito mais distante de ser a reunião magna dos alentejanos. Notou-se a ausência dos autarcas de Portalegre e Sines. E por este motivo não chegou, quanto a mim, admitir que os anteriores Congressos do Alentejo não tinham sido plurais, como admitiu o Presidente da Câmara Municipal de Beja, nem o facto de ser ter defendido nesta organização um discurso voltado para o futuro e para a esperança, deixando a lamúria e o queixume que marcaram todos os outros treze congressos.
Porque foi precisamente o que resultou novamente deste. Ali esteve a maioria da lamúria, da angústia e do desânimo. O que não deixa de ser antagónico com as mudanças que aqui se vivem e que combinam de forma única num Alentejo realizável onde tem de surgir uma mudança de atitude, que substitua a revindicação pelo compromisso da pró actividade, onde as pessoas passem a actuantes e não expectantes. E mesmo que tivesse valido o bom senso de não se aprovarem moções ou conclusões do congresso, como aconteceu, por falta de legitimidade e por não ser possível retirar qualquer conclusão de ideias tão divergentes como as que lá se ouviram, imperou o velho de tique de compor a realidade de acordo com agendas que não procuram o consenso. Para a grande parte dos que ali ouvimos pouco importa o Alqueva, o TGV, os investimentos no turismo, os aeroportos, ou o Porto de Sines e as plataformas logísticas. Porque simplesmente não querem ouvir falar do futuro, preferido sempre o passado. E vai-se tão longe como exigir grandes investimentos públicos e privados que estão já em execução ou querer tomar para si como estratégico o que está já definido nos planos de desenvolvimento estratégicos nacionais. Lá voltámos a ouvir que o Congresso aprovou a reivindicação, em nome do Alentejo. O que transforma um fórum na usurpação da opinião diversa e prova que continua a faltar uma verdadeira cultura regionalista. Afinal o que mudou após treze edições do Congresso do Alentejo? Muito pouco. Há coisas que levam muito tempo a mudar. Há outras que se tornam irremediavelmente obsoletas.
Obrigado e até para a semana.
Francisco Costa
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