Transcrição das crónicas transmitidas aos microfones da :http://www.dianafm.com/
Combustíveis e eficiência
10-jun-2008
Com os surpreendentes e consecutivos aumento do preço do petróleo não é possível esperar milagres. Os combustíveis deixaram de ser baratos definitivamente. Para aguentar o forte embate desta crise só aumentando a eficiência energética e o investimento nas energias renováveis. O aumento da procura de energia e de bens de primeira necessidade por países emergentes como a China e a Índia, a par da especulação nos mercados bolsistas, está a criar um desequilíbrio na economia mundial que só não tem impacto mais grave nas economias europeias pela sua solidez e pelo controlo nos défices orçamentais.
O alarme das teorias malthusianas tornou-se cíclico mas pouco atendido. Num planeta que não produz tanto quanto consumimos só a evidência do aumento dos preços começa a fazer-nos pensar. Primeiro no quanto desperdiçamos. Somos autênticas industrias do desperdício. E só mesmo o nosso apetite voraz nos deixa apreensivos com a circunstância. A capacidade de endividamento das famílias tocou o máximo. Acreditámos que era possível ter tudo, mesmo o desnecessário. Hoje é difícil para muitos de nós suportar estes tempos sem alguma angústia. O que me leva a uma imagem que retive mentalmente de um cartoon onde são representados dois mundos antagónicos por dois homens diferentes, um subnutrido e o outro obeso. Ambos exprimem um brado aos céus e cada um deles segura numa das mãos o motivo do seu grito. O subnutrido uma caneca como se pedisse água. O obeso uma mangueira de abastecimento de combustível. As dificuldades por que passamos não se resolvem só com a intervenção do Estado, como muitas vezes nos querem fazer crer, nem tem soluções mágicas como as que ouvimos da boca de dirigentes sindicais e partidários, que obviamente cavalgam a onda do descontentamento. Os Estados devem garantir a protecção social dos mais expostos às dificuldades, apostando na igualdade de oportunidades e na distribuição equitativa da riqueza por via dos impostos. Devem assumir ainda a criação de mecanismos reguladores mais fortes e concertados que reduzam os impactos negativos nas economias da acção especulativa mundial. É urgente impedir que a situação se precipite para uma catástrofe que implique um retrocesso civilizacional à escala do globo. Num estado democrático como o nosso nenhum líder está livre de reparos ou apreciações. Não há que temer o facto. É certo que a política e os políticos têm de apresentar soluções devolvendo com elas a esperança às pessoas. Não se pode contudo querer atalhar caminho com respostas simples, que parecem resolver os problemas imediatamente mas que adiam e agravam as dificuldades. Já o fizemos outrora com os resultados que se conhecem. O País precisa de manter a perseverança e determinação no seu programa de desenvolvimento. Os portugueses sabem no fundo que é esse o caminho a percorrer. E o tempo dar-lhes-á razão.
Obrigado e até para a semana.
Francisco Costa
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