terça-feira, 22 de abril de 2008

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM



Liberdades de Abril

22-abr-2008
Há um ano atrás ouvi com atenção o discurso do Presidente da República, que apelava à democracia com mais qualidade. Achei que sim. Era algo que se podia sempre pedir.
Mas também ouvi Paulo Rangel declarar na Assembleia da República que o País vivia uma claustrofobia democrática.
Pasmou-se porque foi o único discurso nas comemorações do 25 de Abril que, ríspido, apontava a acusação extremista ao Governo, de ameaça à democracia. Será a parangona política que me fica na memória das comemorações do 34º aniversário do 25 de Abril, o que é muito pouco para o dia da democracia. Ora este ano o momento é muito mais fértil em delírios o que, confesso, não ajudará a uma imagem nítida futura do momento político nacional. Cavaco Silva visita a Madeira e a todas as tiradas de um Alberto João que se comporta como um bobo mal-educado reage como um monarca excessivamente condescendente. No que parece uma competição de insanidade Ribau Esteves e Rui Gomes da Silva atiram-se abjectamente à jornalista Fernanda Câncio merecendo ambos a Marcelo Rebelo de Sousa a descrição de comportamento abaixo de cão. Como se isto não bastasse Menezes diz que está farto e demite-se após seis meses de destempero que fizeram lembrar a governação de Santana Lopes, por acaso actual líder da bancada do PSD e entusiasta do renascimento político de Berlusconi. Em resultado o PSD encontra-se novamente à beira de eleições e há candidatos para todas as sensibilidades. Por tudo isto continuo a achar que fez sentido há um ano como ainda faz hoje o discurso de Cavaco Silva. A classe política tem de ganhar qualidade e por isso a também sua tese da boa moeda expulsar a má moeda continua relevante. Com uma semana difícil a chegar ao fim o Presidente da República deve ter sentido um calafrio ao ouvir ser colocada a hipótese de uma candidatura de Alberto João Jardim à liderança do PSD. Para a minha memória do 35º aniversário do 25 de Abril tal possibilidade seria simplesmente demais. Livre da hipótese confesso assim o pensamento pouco democrático. Viva essa liberdade.
Obrigado e até para a semana.
Francisco Costa

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