quinta-feira, 17 de abril de 2008

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

Aviso Geral

17-abr-2008
Ontem no Porto, hoje em Lisboa, os trabalhadores convocados pela CGTP, virão à rua dizer ao governo que as mexidas nas leis laborais, aprofundando o que de mais gravoso nos trouxe o Código de Trabalho, terão a sua firme oposição. O caminho que governo e patronato se preparam para trilhar, levará necessariamente ao aumento da precariedade, à imposição de horários de trabalho que farão com que quem trabalha, passe a viver apenas para esse fim. Defende-se a possibilidade do despedimento sem justa causa, bastando apenas a vontade do mais forte para por fim ao contrato de trabalho.
É curioso como a direita, que tanto se indigna com o fim do contrato de casamento apenas pela vontade de um dos contraentes, ache normal e deseje que o contrato de trabalho possa terminar pela vontade do dono dos meios de produção. Vão ser duros e de luta os dias que se irão viver para travar as intenções do patronato com o beneplácito do governo, ou vice-versa, mas os trabalhadores sabem hoje mais que ontem, que vale a pena lutar, sair à rua e fazer dessa atitude uma bandeira que agitada na comunicação social, faz mover o que parece inamovível. Olhe-se para o que aconteceu na educação. Cem mil professores na rua obrigaram a ministra a recuar de forma significativa, aceitando dialogar até ao ponto de aceitar uma versão de serviços mínimos do contestado projecto para avaliação. A força do exemplo é sempre muito mais eficaz do que a retórica, por muito eloquente e sedutora que esta possa ser. O aviso geral de ontem e de hoje é um primeiro passo, a primeira gota de água que se pode transformar num oceano de contestação, caso o governo insista nos seus propósitos de declarar guerra aos direitos dos trabalhadores. É preciso lembrar que o mesmo PS que prometeu rever o Código de Trabalho, corrigindo os seus aspectos mais gravosos, parece agora seduzido pelas propostas de um livro branco que parece escrito à medida dos interesses do patronato. Ontem foram milhares nas ruas do Porto a exigirem medidas eficazes contra o desemprego, pela defesa da contratação colectiva e por um emprego onde a estabilidade e o respeito pela dignidade de quem trabalha estejam sempre presentes. Hoje serão milhares em Lisboa com as mesmas exigências. Esperemos que o governo perceba o caminho que vai trilhar, se insistir em levar à prática as sugestões de um livro que parece branco mas está cheio de nódoas e tem lá as impressões digitais dos suspeitos do costume.
Até para a semana
Eduardo Luciano

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