quarta-feira, 16 de abril de 2008

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

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Crónica de Hélder Reboch

16-abr-2008
O desemprego constitui um dos maiores flagelos da actualidade, com consequências devastadoras, capaz de destruir pessoas, famílias e vidas com uma eficácia epidémica. Somos confrontados diariamente com notícias do encerramento de empresas e com o drama pessoal daqueles, que de um dia para o outro, vêm os seus projectos de vida destruídos como castelos de cartas, reduzindo a cinzas anos de trabalho ou de investimento na formação. O desemprego varre hoje a nossa sociedade a toda a latitude e ninguém parece estar a salvo, independentemente da idade ou da qualificação profissional.
Não obstante as suas consequências pessoais e sociais, a questão do desemprego costuma ser analisada numa perspectiva estatística, onde apenas os números parecem importar como índice de referência para a respectiva taxa. Esquecemo-nos, com frequência do drama humano que lhe está associado e cuja dimensão excede a expressão dos números, porque o desemprego estatístico é sempre inferior ao desemprego real, dada a aplicação de critérios de tratamento de dados que circunscrevem, significativamente, o conceito de desempregado. Por outro lado, nas contas do desemprego fica sempre de fora o trabalho precário, situação que afecta milhares de Portugueses e que em regra, anda irmanada com o desemprego numa relação de alternância. A constatação deste facto torna o problema ainda mais preocupante, porque se a taxa de desemprego oficial é elevada, o desemprego real é na prática muito superior. As consequências são de todos conhecidas. A população portuguesa vê o seu poder de compra diminuir cada vez mais e o número de famílias carenciadas é cada vez maior. Mas o mais preocupante é constatar que a economia não dá sinais de crescimento suficientes, para acalentar a esperança de uma redução substancial do desemprego, de forma a absorver parte dos desempregados actuais e travar a entrada de novos neste universo. Esta estagnação, caracterizada por insignificantes avanços e recuos, é consequência das estratégias traçadas pelo governo para o sector económico, que longe de permitirem o relançamento da economia, vão produzindo o efeito inverso, inibindo o investimento. A par da ausência de verdadeiras medidas de incentivo ao empreendedorismo e ao aumento da competitividade, a elevada carga fiscal não só desaconselha o risco do investimento, como contribui para o encerramento diário de empresas, fábricas e estabelecimentos comerciais. Enquanto não se perceber que para atingir os níveis médios europeus de investimento, competitividade e emprego, é necessário estar em paridade com os outros países nos incentivos e nas condições proporcionadas, Portugal não sairá da cauda da Europa. Pretender combater o desemprego, mantendo uma elevada carga fiscal é tão eficaz como curar uma doença com comprimidos de água e sal.
Hélder Rebocho

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