terça-feira, 15 de abril de 2008

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

http://www.dianafm.com/

Évora, Cidade de Cultura

15-abr-2008
A criação da Empresa Municipal para a Gestão de Equipamentos Culturais, Desportivos, de Lazer e Promoção Turística foi aprovada na Reunião Pública de Câmara, do dia 9 de Abril de 2008. Nada no seu processo de criação indicava que estaria envolvida em acesa polémica, com lutas partidárias, acertos de contas e alarme público à mistura, como esteve. As vantagens de uma gestão profissional, racional, ágil nas decisões, planeada e com economia de escala são evidentes nos nossos dias, ou pelo menos deviam ser. Trata-se de gerir os dinheiros públicos com rigor.
O conceito de uma cultura participada, menos estatizada e onde a iniciativa privada é acolhida em parceria já não surpreende nem na China. Contudo ainda nos debatemos contra o preconceito ideológico com que é tratado o empreendedorismo, a gestão empresarial ou as próprias relações entre a iniciativa privada e a pública. Contudo e apesar de alguns terem sustentado a sua argumentação contra a criação da dita empresa com base nestes preconceitos nem sequer disso se tratou. A oposição à Empresa Municipal animou-se sobretudo dos receios de mudança, de uma certa nostalgia por um regime de políticas culturais que outrora fez florescer inúmeros grupos e projectos culturais, tão fértil, que veio a criar problemas de desequilíbrio à entidade super-financiadora (no caso a Câmara Municipal) e com resultados muito pouco quantificáveis. Outro preconceito ideológico com a ideia de retorno financeiro na cultura. Há neste regime algo de perverso e extremamente injusto: o facto de e nas actuais circunstâncias ser quase impossível valorizar o trabalho de qualidade em detrimento do grosseiro consumo de dinheiros públicos em falsas abstracções culturais. Alguém lhe chamou de excessiva dependência dos agentes. Não é só a minha sensibilidade para o assunto. É o afastamento do público a quem muito deste produto se dirige. Mas isto é assunto para outra altura. Dizia eu que se fez muito para criar ruído e muito pouco para esclarecer as pessoas. O que me leva a um outro efeito criado pela vontade conservadora. O que verifiquei em conversa com alguns cidadãos motivados pela defesa de uma Évora, Cidade de Cultura que acima de tudo receavam que alguém quisesse acabar. Ora tudo se moveu com base num equívoco. O de uma cultura reduzida ao conceito economicista. E este equívoco não pode ser imputado às pessoas a quem deliberadamente se mentiu. Quem conhece a forma como são tratados os agentes culturais desta Cidade sabe que esta contestação não tem fundamento. E quem defendeu que a pretensão da tal Empresa Municipal seria essa não pode estar de consciência tranquila. Mais para mais quando foi o que defendeu no passado. Mas é isso mesmo que se trata, de passado. O que, diga-se, já cansa. Por ora resta-me desejar que o futuro traga a bonança para todos. Mesmo para quem semeou ventos.
Obrigado e até para a semana.
Francisco Costa

Sem comentários: