quarta-feira, 5 de março de 2008

CRONIQUETA ( MANUEL SUBTIL)

Entro na papelaria para uma pequena fila para pagar o jornal. Atrás de mim uma senhora vai entrando. A vendedora entra logo em conversa com ela. Sabe Dª Ester o Gonçalo vai matar hoje a Eduarda. Eu estremeço. Então é assim? Não se vai fazer nada para impedir? Até me parece que há contentamento no sorriso que as duas trocam. Ela estava a pedi-las, diz a que chegou. Como sabe? Ah! Vem na revista de hoje.
Espera, isto é estória de novela da televisão. Ainda fico mais preocupado do que estava.
Então banaliza-se a morte? Estava a pedi-las e a solução é matar?
Abre o noticiário da tv com as parangonas da preocupação da sociedade com a violência, diz que há medo nas pessoas, já não saem à rua de noite. Apetece-me dizer ao locutor: não são as mortes que vos pagam, desde o argumentista ao presidente? Quando semeiam violência, o que querem colher?

1 comentário:

Anónimo disse...

Ora aqui está uma coisa bem escrita e com pés e cabeça. Isto sim é que nos devia merecer mais atenção.
Zé Atento