segunda-feira, 17 de março de 2008

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

O inferno capitalista

17-Mar-2008
Mais uma instituição a assumir o combate. Em tempos de globalização, a Igreja Católica chegou-se à frente na condenação de uns quantos procedimentos heréticos, segundo o tribunal da Penitência Apostólica. Alguns deles, agravos demoníacos igualmente caros ao marxismo e ao ecologismo. Ofensas novas, a somar aos velhinhos pecados da avareza, da ira, da inveja, da luxúria, da gula e da soberba. Pecados novos trajados de uma linguagem objectiva e que não tem nada que enganar. Não enriquecereis injusta e excessivamente. Não instigarás a pobreza. Serás contra a manipulação genética. Não poluirás a terra. Pecados bem modernos e bandeiras igualmente içadas nos mastros da esquerda e dos ambientalistas, a recordar-nos o quanto perto estão na essência o cristianismo do comunismo.
A Igreja Católica lá sabe as linhas com que se cose. A Igreja Católica deve ter pesado bem a tarefa a que meteu ombros. A Igreja Católica reciclou a postura e sublinhou uma modernidade perante a sua justiça divina. Para ser levada a sério, a Igreja Católica tem, primeiramente, às costas a tarefa de limpar a sua própria casa. Tem de vassourar uma multidão de pecadores dento do seu rebanho. Militantes assanhados de bater por dá cá aquela palha com a mão no peito mas, igualmente, pecadores empedernidos. Banqueiros, especuladores, industriais, comerciantes, políticos, dirigentes, enfim, uma imensa multidão de homens de fé que, há luz das regras, está a prevaricar o catecismo que deveria respeitar. A Igreja Católica não quis ficar para trás na crítica ao modelo liberal da globalização. E, vai daí, tratou de fazer uma actualização dos pecados – ainda que não os assumindo como mortais – face às novas condições de vida. Em tempos tão conturbados e injustos a Igreja Católica não quis – e não podia - deixar por mãos alheias a tarefa de participar da justiça terrena, uma vez que terrenos também são os seus fiéis. Há uns tempos atrás, o santo padre veio reafirmar a existência do que já não se sabia bem se ainda existia. Reafirmou a existência do inferno. O santo padre veio pôr ordem na casa recordando a quem prevarica, homem de fé ou não, que apenas pode caminhar para o lugar dos suplícios eternos. Não há lugar para dúvidas. O departamento dos tormentos continua a funcionar em pleno. E agora com esta nova nomenclatura de pecados que não deixa grande margem, só podemos assistir a uma afluência redobrada. Uma afluência de gente importante que não tem lugar no paraíso. Uma clientela imensa a caminho do inferno capitalista. Isto, se a Igreja Católica estiver verdadeiramente empenhada em fazer tábua rasa da justiça divina.
Joaquim Pulga

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