segunda-feira, 24 de março de 2008

AO CORRER DO TECLADO (POR AL-KALATY)

VELHARIAS LÚDICAS


A vontade de juntar coisas, para com elas poder desfrutar de momentos agradáveis, é desde há longos anos um dos principais caprichos enraizados no ser humano, independentemente do Continente de origem, idade, sexo, raça ou posição social. Onde o factor obsessivo choca muitas vezes com a disponibilidade de tempo, ainda assim, o bichinho capricha e faz sentido, como que de uma doença se tratasse.

Guardar tudo ainda que num amontoado, não importa tratando-se de um vício ou mania sem destrinça, certo é que esta paixão de muitos milhares de indivíduos dedicados coleccionadores, obreiros de fortunas assim angariadas ao longo dos tempos, chegam a valores arbitrários, incalculáveis e sem limites, dependendo do tipo dos objectos em apreço e o ramo a que cada qual se dedica.


Assim nos aparecem variados perfis de coleccionadores, com tendências e possibilidades tão bizarras como incríveis, chegando a colecções só possíveis para gente fina ou endinheirada que, não fazendo a coisa por menos, coleccionam: automóveis de topo de gama ou de marca específica, coleccionam moedas correntes ou comemorativas antigas em ouro e de variados países, espingardas e pistolas em desuso, navalhas e canivetes, relógios em ouro e outros tais.

Na maioria dos casos coleccionar postais, moedas correntes, pacotes de açúcar ou carteiras de fósforos, calendários publicitários ou selos de correio é uma actividade lúdica que se desperta com enorme facilidade e frequência, onde a busca frenética é constante e a necessidade da troca, é um fim em vista entranhado.


O gosto pela obtenção de um novo elemento da colecção, leva ao apurar do sentido comunicativo com outros, com estabelecimento de encontros fixos ou sazonais, com um único propósito - estabelecer cadeias de interessados no mesmo ramo, em reunião dos diferentes elementos, para que objectos semelhantes de cada um, sejam estes as trocas ou as descobertas dos segredos estratégias a ter em conta, para levarem o barco ao moinho.

Até na Internet, existem muitos e variados pontos de informação acerca daquilo que cada um tem, em sites de nítida especialização, onde cada um tenta angariar o tal elemento que falta para que o conjunto esteja completo e possa adquirir valor máximo.

Vício ou não, certo é que inúmeras pessoas fazem deste passatempo, momentos de distracção em casa coadjuvados com os seus familiares que não só, são incentivados como partilham o mesmo interesse, tornando-se os seus percursores com o andar dos anos.

O coleccionismo é um bichinhos que se adquire e ataca, permanecendo quase para sempre, ainda que cada um se especialize em determinado sentido, atendendo ao espaço disponível, aos custos monetários a envolver, pelo gosto desta ou daquela vertente, pela aceitação que a actividade provoca junto dos seus e a rodinha de amigos.


O verdadeiro perfil dos coleccionadores será difícil de encontrar mas, a vontade constante de juntar e adquirir o reforço do conjunto de cada colecção, sabendo que por vezes apenas necessita de uma peça para completar, fazendo correr meio-mundo custe o que custar, sendo lícito fazer tudo para saber onde se encontra ”a tão cobiçada peça” para ao menos contemplá-la e tocar-lhe apenas.

As discussões e opiniões com elementos coleccionistas, são de enorme cordialidade, onde a argúcia de observação e angariação de novos elementos é posta á prova, dando como exemplo os selos postais, onde cada nova edição é disputada com anotação da sua publicação no calendário, para que as raridades sejam disputadas com afinco.

Quanto a mim, não poderei considerar-me um bom coleccionador, visto que já iniciei algumas e nenhuma concretizei, por vários factores que não me cabe aqui explanar, direi que neste momento a pachorra se tem esvaído pelo não proveito daquilo que angariei, com os anos a passarem e sem que eu tenha a correcta noção do tempo, resta-me coleccionar algumas notas de €, já que as outras deixei-as levar, precavendo-me hoje na hora das vacas magras e se me for permitido fazer face á carestia. Admitindo que existem velharias significativas e valiosas na nossa praça, viro-me para as ninharias porque não sou abonado, nem subsidiado.

Entre fotografias e calendários alguma coisa guardei por cá.

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