terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

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Idealismos

26-Feb-2008
A SEDES, uma das mais antigas e reconhecidas associações para o desenvolvimento cívico do País, lançou na passada semana, através de um relatório muito divulgado pela comunicação social, um alerta para o ambiente de crispação que se vive no País e que chamou de eminente crise social. As responsabilidades são dirigidas aos Partidos Políticos, que, de forma generalizada, parecem cada vez mais ineficazes na mobilização daqueles a quem a SEDES chama de talentos da sociedade para uma elite de serviço.
Esta crise com que os partidos se debatem (da esquerda à direita) esta dificuldade em atrair e reter os cidadãos mais qualificados, é apontada aos critérios de selecção das máquinas partidárias que, sugere-se, favorecem a promoção nas estruturas mais pela lógica da clientela do que pela da competência. Parte das vezes parece assim ser. O assunto é recorrente e muitas vezes usado por políticos desiludidos com as exigências da vida política, cujas frustrações resultam da sua própria inabilidade em fazerem-se respeitar, pela ideia leviana de uma carreira rápida suportada em boa imagem, soundbites e pouco trabalho e por todos aqueles que pensam que a sua acção cívica e política se deve restringir texclusivamente ao universo dos partidos. A SEDES coloca a solução destes problemas (que considera de bloqueamento da eficácia do regime) nas mãos da sociedade civil, com uma abertura do próprio regime a essa sociedade. O que só pode ser permitido pelos partidos políticos. Ora este problema é um problema de consciência para os partidos políticos e para os democratas convictos. E é inevitável que estes se regenerem aproximando-se da sociedade civil, de onde partiram. O essencial mesmo é não resignar. Esta regeneração deve ser dirigida para e com as novas gerações que agora questionam a indispensabilidade de organizações e programas políticos alheados dos seus problemas e das suas expectativas. Assim não posso concordar com o lugar comum do afastamento dos jovens da política. Muitos podem nem compreender ou encontrar utilidade em juventudes partidárias mas reagem bem à responsabilidade de ter um papel cívico e de dar utilidade aos seus generosos idealismos. E pode ser aqui que os partidos falhem. Contudo como já disse a cidadania não se restringe ou cessa na acção partidária. Esse facto há-de provocar uma mudança que arrastará consigo a ideia actual de partido político. De fora desta regeneração ficam os ensaios mais emblemáticos de mudança patrocinados por políticos conhecidos, em movimentos independentes dos partidos políticos, novos na forma mas velhos no conteúdo. Não será por aqui. A uma geração dá lugar outra e assim sucessivamente. Pode até ser que maioritariamente a geração que actualmente ocupa o poder político não compreenda a inevitabilidade destas mudanças. Contudo a que se segue não só as compreende como as exige. A seu tempo se há-de notar.
Francisco Costa

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