quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM
Uma questão ambiental
21-Feb-2008
O ambiente político anda pastoso. Os blogs, os artigos de jornais, as análises na rádio e na televisão reflectem este desencanto com a actividade política e com as propostas dos políticos. A comunicação social anda cheia de mexericos, de juízos morais sobre esta ou aquela atitude deste ou daquele líder partidário. Há um clima de fim de estação como se toda a gente estivesse à espera de um qualquer sopro de ar fresco que, de um momento para o outro alterasse tudo isto e fizesse renascer a esperança.
Parecemos estar quase todos à espera. Uns, do D. Sebastião, que nos há-de levar à glória, outros que estejam reunidas todas as condições, subjectivas e objectivas, para iniciar uma revolução que há-de trazer a felicidade eterna. Todos esperam sentados, acreditando que o futuro risonho lhes será servido numa bandeja de prata. Entretanto, e porque nem o D. Sebastião chega, nem as famosas condições objectivas e subjectivas aparecem, os que detêm o poder, de facto, lá vão levando os que parecem exercê-lo a tomar todas as medidas que lhes garanta a vida eterna, sempre mais anafados, reproduzindo e acumulando o capital que é a sua razão de ser. Felizmente há quem saiba que o rei morreu mesmo em Alcácer Quibir e que as condições para a mudança de paradigma de sociedade não aparecem de geração espontânea, por muito que esperemos que tal aconteça. Esses vão lutando, apresentando propostas, convidando outros a virem para rua protestar e lutar. É um tempo propício para a mais longa campanha eleitoral da história da nossa democracia. O primeiro-ministro, em entrevista televisiva perante jornalistas estranhamente colaborantes, falou-nos de um país que os portugueses sabem não ser o seu. Para Sócrates, todas as políticas prosseguidas foram acertadas, na forma e no conteúdo, não existiram erros de timing ou qualquer outra imperfeição no governo que dirige. O auto-elogio e a mensagem sempre presente da infalibilidade governamental, ocupam todo o espaço do seu discurso político. As promessas eleitorais não cumpridas, a resistência de largos sectores da população às políticas prosseguidas para a educação, saúde e justiça, o número de desempregados, os milhares de falências decretadas só em 2007, os aumentos de preços de bens essenciais de consumo, bem acima da inflação esperada, são apenas pormenores que uns quantos teimosos insistem em agitar só para estragar a visão optimista de quem foi abençoado com as virtudes da governação. Embalado pela visão de um país que só existe na sua imaginação, começa já a anunciar medidas que só poderá cumprir se os portugueses lhe derem de novo a maioria absoluta em 2009 e irá insistir nisso até à exaustão. Cá pela terra, o partido que ocupa o poder no município faz mais ou menos o mesmo, marcando a aprovação do PDM como o arranque da sua campanha eleitoral. A partir de agora vai ser sempre em festa. Vão voltar a ser prometidas as mesmas coisas que já tinham sido em 2001 e 2005. Teremos o exército de assalariados do poder a escreverem artigos e crónicas a cantarem loas ao desempenho do executivo municipal, acabando sempre com a ideia que “desta é que vai ser”. E com reforço do cariz presidencialista que provavelmente a nova lei eleitoral autárquica irá conter, podem contar com mais cartazes com propostas tão interessantes como “um amigo na presidência”. Vão ser uns longos 18 meses de campanha. Como diria o outro… habituem-se.
Até para a semana
Eduardo Luciano
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