domingo, 3 de fevereiro de 2008

AO CORRER DO TECLADO

É Carnaval, ninguém leva a mal.

Em tempo de folia para alguns poucos, nestes dias de Carnaval, nomeadamente a juventude e, por outro lado, aqueles foliões que, podendo desatar os cordões á bolsa, nada se importam do tempo que corre, as circunstâncias e muito menos os exageros que cometem, divertindo-se cada um á sua maneira, sem que consigam muitas vezes animar os que se habituaram a meditar e sentir o estômago a dar horas.
A galhofa dispersa-se e, as partidas ao semelhante acontecem e acentuam-se nestes três dias, dedicados ao mafarrico, onde as imitações dos proeminentes desta aldeia global, são mais que muitas, onde as caraças e modos de actuação desafiam até dizer chega, são caricaturadas ao pormenor, com a solidariedade e engenho de muitos artistas.
Não sendo eu muito afoito para me mascarar, recordo no entanto a minha mocidade e as tropelias que se faziam naquela Santa Terra, onde alguns dos meus amigos davam azo ás liberdade concedidas, sem chegar á libertinagem, de quando em vez as coisas davam para o torto, tendo a nossa família o condão de amenizar os prejuízos e, pessoalmente apresentar as desculpas aos lesados, coisas que não acontecem nos dias que passam.
Não tendo a ilusão de ter vivido num mundo aparte ou de pantufas de lã, e, sabendo que os Alentejanos dizem de quando em vez “nunca foste boa peça”, junto-me assim àqueles que, tentam envolver-se alegremente nesta sociedade ilusória, esquecendo as mágoas e as chatices, espairecendo o espírito no seu círculo, dedicando aos leitores habituais destas crónicas, os abre-olhos e transportar para a realidade vivências e formas de pensar, sejam estas generalistas ou da governação actual, com o propósito fazer sorrir alguns mais sisudos, ou caricaturas menos expressiva.
- O Director do Centro de Saúde chama um determinado médico e diz-lhe: -O Senhor chega sempre a horas e nunca sai cedo. Está sempre a horas no seu posto de trabalho e nunca falta. Já agora poderia fazer uma folga? Ao que este respondeu, desculpe Sr. Director, se porventura permaneço aqui mais tempo, qualquer dia, a sala de espera do meu consultório terá de ser remodelada.
- Em determinada conferência sobre o planeamento familiar, onde alguns assistentes expunham cartazes relacionados com o assunto, onde se poderia apreciar uma família com os seus 4 filhos – 1 homem, 1 mulher e os 4 filhotes por debaixo de um chapéu de chuva, como sugestão da família ideal face ás necessidades actuais. No fundo da sala, ouve-se uma mulher gritando – Sr. Conferencista, diga-nos onde encontramos chapéus desse tamanho e os casais que estejam dispostos a ter filhos, neste Portugal de hoje?
- Determinado prior, deslocou-se a casa de um vizinho e muito apressado, com o intuito de pedir emprestado o seu carro, em virtude do seu estar avariado na oficina, tendo em conta que teria que fazer um funeral. Após fazer o funeral o padre indo devolver a viatura verificou que a mesma continha um autocolante no vidro traseiro, com o seguinte teor – “Preferia estar neste momento a jogar golfe” ou na praia “ A untar a barrica com óleo de cacau”.
- Um amigo meu, tinha um filho empregado num restaurante de fast-food, quando em determinado dia, um cliente lhe chamou a atenção de que o intercomunicador da cozinha não estava a funcionar bem. O empregado foi fazer o pedido enquanto uma colega experimentava o intercomunicador. A colega perguntou: -Está melhor agora? – Bem, não estará – respondeu o cliente. – Agora tem voz de bagaço.
- Em dia de festa anual e á entrada de uma histórica vila alentejana, um automobilista é forçado a parar na operação stop. O condutor cansado de conduzir, esfalfado com o calor e com o suor a correr pela face, após a paragem tira os óculos e coloca-os encima do tablier. Documentos para lá, documentos para cá, faróis afinados ou não, ranhuras dos pneus e, tudo o que mais haveria para obstar, faltava a abertura da mala traseira, ainda esta não era possível detectar qualquer infracção. Tenha cuidado com a condução e boa viagem. Arrumados os documentos, deita a mão aos óculos que se encontravam desde a paragem no tablier, completamente sujos e transpirados, houve a necessidade de limpá-los.
O senhor agente deu um salto repentista e retorquiu “ espere…espere, mostre-me novamente os documentos, quando com um ar de intelectual, professor sabichão e sem evasivas disse “eu bem sabia que tinha que ser… então o senhor anda a conduzir sem óculos, contrapondo ao que a carta obriga, vamos ter que passar a multa respectiva.

Algumas destas passagens são verídicas, mas do risonho ao caricato todos nós estamos fartos, todos fazemos um esforço para conseguirmos viver e suportar os exibicionismos, para além das condutas de má formação, vamos ter calma sem desesperar, porque amanhã nascerá outro dia.

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