terça-feira, 29 de janeiro de 2008

REGRESSO AO PASSADO

ESTÓRIAS ALENTEJANAS
Histórias Publicadas no Blog Alandro al


APARCAR VACAS NUNCA MAIS OU COMO ME DEIXEI IR NA
CONVERSA DO ALBERTO


Quando pela primeira vez se fundaram os Forcados do Alandroal e estavam no auge da sua carreira, o Alberto Ramalho não se poupava a esforços para proporcionar ao Grupo as melhores condições para que pudessem ombrear com outros com méritos já formados.
Para que os mesmos pudessem treinar pediu ao Marreca que lhe emprestasse umas vacas para que fossem ensaiadas umas pegas.
Ora num Domingo, em pleno mês de Julho, com um calor de assar perdizes, eu, depois do almoço, enverguei uns calções, umas sapatas de enfiar nos pés, e fui ao Café do Luís Carraço, tomar a bica, com a ideia de regressar logo a casa e ferrar uma valente sesta, já que o tempo estava mesmo próprio para tal.
Isto pensava eu… mas não fazia ideia para o que estava guardado…
Mal me viu entrar no Café, o Alberto pediu-me para o acompanhar até ao Monte do Chapim, para, dizia ele, saber, e só saber, se podia contar com umas vacas, que lhe haviam prometido emprestar para os Forcados treinarem.
Contrariando os planos previamente estabelecidos lá me prontifiquei a acompanhar o meu amigo. Mal sabia eu nos trabalhos em que me ia meter.
Chegados ao Monte o Vaqueiro lá nos disse que sim senhor o Patrão tinha deixado ordem para emprestar umas vacas, e que até as tinha deixado toda a manhã encerradas no curral mas como não apareceu ninguém as tinha soltado para se juntarem na pastagem com as outras e que agora se tornava difícil fazer o aparcamento das mesmas. Não é nada difícil, contrapôs o Alberto, vocês fazem isso, enquanto eu vou à Vila buscar a camioneta do Carlos Carreiro e avisar o Joel para preparar a Praça de Touros…é só juntarem o gado no curral que a gente depois escolhe aí umas vacas. Nem deu tempo para protestar… em menos de um fósforo o Alberto agarrou no carro e ala que aí vai.
Só então é que o Vaqueiro reparou em mim…e pela cara que fez vi logo que estava metido num sarilho… Então você vem para o campo, vestido dessa maneira, e ainda por cima com sapatas de enfiar nos pés e de borracha? Pelo menos espero que já tenha lidado com gado bravo e que não tenha medo delas. Hé…. Fiz eu. Bem tome lá este cajado… e quando vir que alguma olha desconfiada, acene-lhe com o cacete… para elas terem medo e se vir que alguma se fisga para si avente-lhe umas padradas para elas fugirem.
E lá partimos… restolho fora.
Ou o medo era muito, ou as vacas não estavam na disposição de serem incomodadas, o certo é que todas se fixavam em mim… ou pelo menos assim me parecia. E o pior eram os picos a espetarem-se nos pés e nas pernas, o terreno cheio de buracos e de altos e baixos… já não sabia onde pôr os pés.
Mas o certo é que lá conseguimos, após um titânico esforço, e sem levar nenhuma cornada, encerrar as cujas no curral, e carregá-las para a camioneta.
Pela tarde entrámos triunfalmente no Alandroal com a camioneta carregada de vacas bravas, e eu mais morto que vivo.
Não te esqueças que depois disto acabar temos que levar de volta as vacas para o Chapim, disse-me o Alberto quando descarregamos as ditas na Praça de Touros.
Por mim se outros não as tivessem ido lá levar, ainda hoje lá estavam, pois ainda estou para saber se a porcaria que ficou na água da banheira, depois do banho era só da terra que tinha por todo o corpo.

Xico Manel

3 comentários:

Anónimo disse...

Histórias de forcados e toiros e vacas

Anónimo disse...

Faltam as ovelas e o carneiro...

Anónimo disse...

Tal ne a bixarada