terça-feira, 20 de novembro de 2007
CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM
O dia mundial da memória - Francisco Costa
terça-feira, 20 Novembro 2007
Uma mulher, com 36 anos, morre num acidente de automóvel. Deixa 3 filhos.
Uma criança com nove anos morre atropelada numa passadeira.
Três jovens com idades entre os 20 e os 25 anos morrem numa colisão frontal.
Uma mulher e uma criança morrem num despiste automóvel.
Tudo isto no espaço de uma hora, nas nossas estradas.
Podia ser a nossa mulher, os nossos filhos, os nossos irmãos. Não são. Mas são mulheres, filhos e irmãos de outros como nós.
Excesso de Álcool, excesso de velocidade, excesso de confiança e excessiva estupidez alimentam uma contabilidade sinistra com vítimas que já chegam às 756 neste ano. Com muita probabilidade este número já não será actual quando o ouvirem.
Mas a nossa idiotice ultrapassa em larga escala estes números. E esta é uma forma delicada de reagir ao facto de serem mais de 24 000 as chamadas falsas efectuadas para o 112 em 2006, o que obrigou em média, por dia, à saída de 25 ambulâncias desnecessariamente.
Um comportamento, no mínimo, suicida.
Acrescem os dados da Direcção Geral de Saúde que apontam os acidentes de viação como uma das causas de morte mais significativas no País a seguir às doenças cerebrovasculares e ao cancro. Junte-se o facto dos acidentes de trânsito serem mesmo a principal causa de morte para os jovens entre os 15 e os 29 anos.
No passado domingo o dia da memória homenageou os que morreram nas estradas e os que sofrem com as perdas. E os números indicam que parece não haver uma família portuguesa que não tenha já sofrido uma perda nestes acidentes. Por vezes são famílias inteiras que se desfazem.
Este dia serviu também para lembrar a todos que a guerra nas estradas faz vítimas indiscriminadamente. O que significa que basta andar na estrada para se ser vítima.
E esta possibilidade deve causar-nos a maior angústia.
Fui confrontado com aterradoras estimativas que apontam cerca de 25 milhões de pessoas como vítimas de acidentes de viação em todo o mundo e durante o século XX. Tantos quantos os que morreram na 2.ª Guerra Mundial.
Neste dia da memória participei numa sessão onde esteve e interveio José Magalhães, Secretário de Estado Adjunto da Administração Interna. José Magalhães falou de dramas e de soluções. E da criatividade que todos os agentes devem ter na sensibilização das populações. Como ele defendo campanhas mais agressivas.
Perante o estado das coisas e notando que as campanhas de prevenção têm uma margem de sucesso limitado acredito em penalizações fortes, tolerância zero e dificuldade máxima na atribuição de licenças de condução.
Fica demonstrado que tudo o que se aprende numa escola de condução é imediatamente esquecido.
Conceitos como o de condução defensiva, prudência e previsão são colocados no sítio onde o português coloca tudo aquilo que julga desnecessário.
E quem assim procede não se junta às vítimas, faz vítimas.
Sempre que conduzir pense nos seus.
Obrigado e até para a semana.
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