http://www.dianafm.com/
Reflexão… por todos - Eduardo Luciano
quinta-feira, 15 Novembro 2007
Em resposta a uma encomenda da Câmara de Évora, o Grupo de Estudos Cidade e Comércio, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, elaborou um estudo de avaliação dos impactos dos centros comerciais na cidade de Évora.
Pelo seu peso e complexidade não é possível neste espaço um comentário profundo ao trabalho realizado pela equipa da Professora Teresa Barata Salgueiro a propósito dos referidos impactos.
De qualquer forma, existem vários aspectos a salientar e a merecerem reflexão por parte dos habitantes deste espaço comum.
Em primeiro lugar os autores entendem que apenas um projecto deve merecer parecer favorável da autarquia, fazendo depender os benefícios da existência de tal equipamento comercial da complementaridade que seja capaz de estabelecer com o centro da cidade.
Entendem ainda que a localização preferencial da grande superfície comercial deveria ser no centro da cidade, para que o comércio de rua deste espaço possa tirar partido da animação que o número previsível de meio milhão de visitantes por mês inevitavelmente envolverá.
Não existindo no Centro Histórico tal espaço disponível, os autores do estudo propõe, passo a citar, “qualquer lugar dotado de elevada acessibilidade que diste da Praça do Giraldo menos de 15 minutos a pé”.
Ora, como é bom de ver, nenhum dos projectos conhecidos respeita estas sugestões, pelo que, se forem aprovados, constituirão, na prática, emissores de certidões de óbito para a actividade comercial no centro da cidade.
Para além da distância do centro, a localização de uma grande superfície comercial de impacto regional deve ter ainda em conta as questões ambientais e o interesse arquitectónico da edificação.
Parece evidente que construir um espaço desta natureza em Évora ou na Brandoa não é exactamente a mesma coisa e a exigência de planeamento para que não seja posto em “causa o desenvolvimento sustentável do centro histórico” surge como uma conclusão lógica.
São ainda abordadas questões, como as acessibilidades e o estacionamento em articulação com o sistema de transportes que promova efectivamente o uso dos transportes colectivos, a dotação da cidade de um regulamento de cargas e descargas ou a valorização da componente patrimonial e turística do centro histórico.
Este estudo, pela importância que poderá ter ao nível das decisões políticas em sede de executivo camarário, merece uma ampla discussão, devendo receber contributos e sugestões dos eborenses.
E aqui coloco a outra questão. O estudo foi entregue à autarquia em Julho e apresentado em reunião pública de Câmara a 12 de Setembro, onde o senhor Presidente referiu a necessidade de uma reflexão profunda prévia à deliberação camarária.
Não seria bom tornar público o documento, para que a reflexão, necessariamente profunda, fosse participada por toda a gente?
Ou fica só para quem tem escafandro?
Até para a semana
Sem comentários:
Enviar um comentário