quarta-feira, 7 de novembro de 2007

AL TEJO POETA

SENTIDO DE ESTADO

(ANTÓNIO VERA)


trezentos e sessenta e cinco dias
contam ano económico e o civil.
mas foram só trezentos e sessenta
os que se aperaltaram para a festa.

príncipes, presidentes? pouco importa.
simples republicanos ou altezas,
todos jantaram com selecto porte,
sem fome, sem tristeza ou alegria,
discretos no charuto ou no decote.

os jornalistas não disseram quem
fora para o festim seleccionado:
se pelos notos feitos de tal ano,
se pelo rendimento declarado.

por amizade não seria, não!
que ideia mais bizarra!
apoios nas finanças? quem diria?
talvez fosse por tara.

fosse lá porque fosse,
a festa terminou
e até meteu rolls royce.

os vidros de seus carros se elevaram
e os do chefe da corte,
que, sorridente e amigo,
ao povo em derredor,
e desejando sorte, lhe acenou.

aos basbaques que estavam por ali,
sem destino nem norte,
a segurança, a pé,
com gentil graça dispersou.

Colaboração:lugar-ao-sul@grupos.com.br

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