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Os nossos dias - Francisco Costa
terça-feira, 23 Outubro 2007
No mesmo dia em que Lisboa dava o nome a um acordo histórico entre 27 países europeus, manifestavam-se cerca de 200 000 pessoas, descontentes com as suas condições de vida no País.
E é um facto que nem este acordo nem um défice de 3% dão resposta às preocupações de qualquer uma delas.
É preocupante saber que cerca de 2 milhões de portugueses vive mal.
Mas este problema social não é circunstancial. É um problema crónico e que deve envergonhar-nos enquanto nação.
Mas, ao contrário dos catastrofistas, acredito que as pessoas têm expectativas e acreditam que a sua situação pode melhorar.
Apesar do gosto luso para o fado, não vejo que os portugueses sejam conformistas.
A nossa história mostra-nos que, apesar dos velhos do Restelo, partimos à descoberta do mundo e demos o nosso contributo para o mundo global como o conhecemos hoje.
Por isso acredito que os portugueses que se manifestam, fazem-no porque têm esse direito e porque as suas expectativas são superiores aquilo que se lhes oferece. E essa é a vitalidade e maturidade da nossa democracia.
Os manifestantes tiveram um propósito. E esse propósito foi o de lembrar o governo que os problemas existem e que se espera que sejam criadas condições para que eles se resolvam.
Atingir a meta dos 3% não me parece que mereça festejo desmesurado. Contudo foi o esforço dos portugueses que permitiu chegar a estes resultados e eles significam, sobretudo, credibilidade das nossas contas públicas e credibilidade do nosso Estado.
Tenho a firme convicção que os portugueses, que confiaram uma maioria absoluta ao governo, sabem que o que tem de ser feito está a ser feito.
Bem pode a oposição contestar o resultado.
Uns defendem mais investimento público, os outros menos intervenção do Estado.
A verdade é que não existem soluções mágicas e que já não se pode falar de uma economia alheada da conjuntura mundial. Em termos simplistas, não detemos agora os instrumentos que outrora tivemos para artificialmente e a curto prazo resolver as crises das nossas finanças.
Mas não me parece que neste ponto de vista haja algum tipo de conformismo. O que hoje temos é menor capacidade de adiar a resolução dos problemas.
Apesar do alto desemprego e das taxas de pobreza há sinais que nos indicam que o caminho percorrido é um caminho consistente.
É o caminho da sustentabilidade. Que começa no equilíbrio entre o que se ganha e o que se gasta, entre o produzido e o consumido.
Muitos dirão que estão de acordo mas que existem outras vias.
Contudo nenhuma outra via parece ter sido capaz de resolver o problema que agora se menoriza.
Outros defenderão a responsabilidade de um Estado abstracto que tudo suporta mas que a realidade mostra não ser já capaz de se auto-sustentar.
Parece-me razoável admitir que nem tudo é perfeito e que é preciso falar mais aos portugueses.
Não me parece contudo é que o País esteja disposto a aventuras do estilo napoleónico do “On s’engage et puis on voit”.
Obrigado e até para a semana.
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