quarta-feira, 10 de outubro de 2007

CRÓNICAS DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

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Crónica de Hélder Rebocho

quarta-feira, 10 Outubro 2007
O desemprego ameaça tornar-se um problema crónico em Portugal e provavelmente uma das grandes catástrofes dos nossos dias.
O número de desempregados não pára de crescer diariamente, tocando a sociedade a toda a sua latitude, porque abrange trabalhadores mais e menos qualificados, mais e menos experientes, de forma indiferenciada.
A taxa de desemprego em Portugal é a maior dos últimos quinze anos, sem que exista capacidade para inverter esta tendência de crescimento, que tem tanto de preocupante como de vertiginoso.
O tema é tratado com demagogia nas campanhas eleitorais com promessas em catadupa que funcionam como isco perfeito para apanhar os votos do desespero de quem de um momento para o outro se vê confrontado com a perda do seu posto de trabalho e de meios de subsistência.
O drama do desemprego pode ser maior ou menor, consoante a idade, as qualificações profissionais, área laboral ou zona do país, mas é uma realidade latente para a maioria dos Portugueses e agora também para muitos imigrantes radicados no nosso país.
O alargamento da UE para 25 Estados membros, acompanhado da prosperidade de economias emergentes dos países asiáticos teve reflexos negativos na economia, que apresenta tendências recessivas nas exportações e expansivas nas importações.
O investimento estrangeiro diminuiu e muitas multinacionais encerraram as suas portas ou foram deslocalizadas para países com mão-de-obra mais barata e portanto mais vantajosos em termos de custos.
No início de 2005, a taxa de desemprego em Portugal situava-se nos 7,1%, facto que na opinião de José Sócrates, então candidato a 1º Ministro era sinal de uma crise social muito significativa e consequência de uma governação falhada.
Prometeu, então, lutar pela criação de emprego - quem não se recorda dos 150.000 postos de trabalho ao ano ? – mas afinal essa promessa não passou disso mesmo, como tantas outras feitas em tempo de campanha eleitoral.
A prova desta realidade está na força dos números.
O Eurostat revelou recentemente que Portugal é um dos três países da União Europeia em que o desemprego aumentou em Agosto deste ano face a igual mês de 2006, contrariando a tendência verificada no conjunto dos Estados-membros da UE.

Com a taxa de desemprego fixada nos 8,3% em Agosto de 2007, contra os 7,5% em igual mês do ano anterior, Portugal detém o aumento relativo mais acentuado da UE, o que não pode deixar de ser preocupante.
Se para o então candidato José Sócrates os 7,1% de 2005 eram sinal de uma governação falhada, que dizer dos actuais 8,3% de taxa de desemprego…?
Parece que a “emenda foi pior do que o soneto”, porque aquilo que já era grave, agravou-se ainda mais durante a governação socialista, que apesar de tentar desviar as atenções dos Portugueses com uma política de propaganda, não consegue sobrepor o seu país virtual à realidade do país.
A tendência de crescimento da taxa de desemprego em Portugal reflecte o fracasso do governo na definição da política económica e de estratégias de combate ao desemprego.
Perante a incapacidade de relançar a economia e de promover a criação de postos de trabalho, o governo vai olhando para o lado, permitindo de forma contemplativa o agravar da crise económica e social.
As consequências estão à vista.
O desemprego diminui na maioria dos países da Europa e cresce em Portugal, num contra-ciclo nunca antes visto num país onde tradicionalmente a taxa de desemprego se cifrava sempre abaixo da média Europeia e que agora atinge o valor mais alto dos últimos vinte anos.
O estado do país real vem dizer mais uma vez que não se pode governar com promessas, nem com medidas ilusórias que visam disfarçar a realidade e enganar os Portugueses.
Se na Campanha eleitoral de 2005, o candidato José Sócrates considerou a taxa de desemprego de 7,1% como sinal de uma governação falhada, não pode agora como Primeiro-ministro deixar de reconhecer a taxa de 8,3% como reflexo do fracasso da sua própria governação.
Mais do que qualificar ou requalificar trabalhadores, como o governo tanto gosta de apregoar, é necessário criar condições para que exista trabalho, a menos que se pretenda resolver o problema à moda de Cuba … pobres mas cultos.

Hélder Rebocho
03.10.07

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