terça-feira, 2 de outubro de 2007

CRÓNICAS DA RÁDIO DIANA/FM



Crónica de Francisco Costa

terça-feira, 02 Outubro 2007
Contra aquilo que esperava Marques Mendes sai derrotado nas eleições internas do PSD.
Açores e Évora contrariaram o panorama nacional, sendo que no nosso distrito Mendes recolheu mais de 72% dos votos dos militantes sociais democratas.
Luís Filipe Menezes cumpre assim um desejo pessoal, é líder do maior partido da oposição.
Escusado será aprofundar que a representação que o PSD deu ao País é absolutamente desastrosa e mancha ainda mais a imagem da política aos olhos dos cidadãos.
A novela do pagamento das quotas e os ataques pessoais lançados entre defensores dos lados em disputa mostra crua e friamente uma luta sem ideias, de poder pelo poder.
Apesar de não ter exclusividade na tropelia da luta pelo poder o PSD parece ter ido longe demais.
Já assistimos a campanhas eleitorais externas inqualificáveis como foram as que colocaram em disputa o actual Primeiro-Ministro José Sócrates e o PSD de Santana Lopes. Mas as coisas passaram-se agora internamente e o PSD não foi capaz de mostrar que é governável quanto mais ser governo do País.
E aquilo que por si só já não augurava nada de bom parece ter sido complicado com a eleição de Luís Filipe Menezes.
Se se tratasse de alguém que significasse renovação e sem percurso na política seria injusto estar a lançar a Menezes qualquer crítica, sobretudo quando este ainda não teve oportunidade de mostrar o que vale enquanto líder dos laranjas.
Mas Luís Filipe Menezes, com um percurso político sinuoso e inconsistente, tem por hábito mudar de discurso conforme a circunstância e fica, sempre que pode, do lado da decisão que é mais popular.
Marcelo Rebelo de Sousa atribuiu-lhe a Via Populista, tal como a Santana Lopes, que, note-se, parece estar em posição de ficar com a liderança da bancada parlamentar do PSD.
Mas é prematuro chamar populista a Menezes.
José Adelino Maltez, Professor de Ciência Política, diz e bem, que o líder social democrata é antes Pré-populista, já que o populismo implica ser aceite pelas massas e possuir algum carisma, o que Menezes não tem.
E esta inconsistência deve preocupar os Portugueses, não pelo ruído ou instabilidade que daí resulte mas pela qualidade da oposição que se fará.
É que acredito que uma má oposição pode transformar um bom governo com maioria absoluta num mau governo com maioria absoluta.
E isso pode significar que os sólidos passos que damos para a resolução dos problemas crónicos do País, com o sacrifício dos portugueses no limite, possam ficar adiados ou mesmo irremediavelmente perdidos.
Aguardemos então.

Obrigado e até para a semana.

Francisco Costa
1 de Outubro de 2007

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