quinta-feira, 19 de julho de 2007

REGRESSO AO PASSADO

Colectânea de textos despretensiosos que nos recordam tempos nos quais imperavam valores que se perderam no evoluir da sociedade.
São pequenos contos que nos transportam no tempo e nos deixam um sorriso nos lábios.
Histórias Publicadas no Blog Alandro al, que se voltam a recordar.


DESAPARECIDOS

Tinha fama a adega do ZÈ CANHOTO, embora se dissesse que ele deitava nas talhas gatos mortos e outros animais para tornar o vinho mais saboroso, a verdade é que tal nunca se provou, mas que lá por alturas de Outubro, Novembro tais animais davam em desaparecer dos quintais onde coabitavam, isso era um facto comprovado. Na verdade, diziam os entendidos, é que o vinho provado na adega, e o consumido na tasca tinha diferença. Em meu entender devido ao baptizo que sofria.
Ir portanto provar o vinho ao local de nascença era privilégio que só a alguns eram dado ter.
Foi assim que depois de muito tanguearem o TI BELINA, afilhado e empregado do ZÈ CANHOTO, o REGATÃO e o BOBINHAS lá o convenceram a deixarem-nos ir beber um copo na adega. Munidos de pão e linguiça, pela tarde de calor, e quando não havia viva alma na rua, o TI BELINA abriu a porta, eles entraram, fechou a porta, e eles ficaram reis e senhores da adega. Foi beber do bom até fartar e depois ferrar o galho.
O pior foi que o TI BELINA nunca mais se lembrou de os ir lá buscar e dar por findo o regabofe. Deitou-se descansadinho da vida, e os outros lá encerrados.
Pela tarde já corria o boato da fuga dos dois pardais. Pelas quatro da tarde já a Guarda vasculhava os campos à procura dos dois desgraçados, e só ao serão quando na taberna se comentava que aquilo ou fugiram para Espanha, ou estão para aí afogados nalgum poço, é que o TI BELINA se lembrou que os tinha deixado encerrados na adega. Só depois da tasca fechada é que os foi lá buscar.
Quando no dia seguinte apareceram, mal encarados e com olheiras de meter medo, não tiveram desculpa melhor para inventar que tinham sido raptados. O certo é que beberam do bom, não pagaram, e o pessoal nunca chegou a saber por onde tinham andado aquelas duas alminhas.

Saudações Marroquinas
Xico Manel

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