quarta-feira, 4 de julho de 2007

CRÓNICAS DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

Crónica de Hélder Rebocho

Wednesday, 04 July 2007
Se os Portugueses julgavam que as limitações de liberdades individuais já tinham passado á história com a consolidação da maturidade democrática, talvez esta seja a melhor altura para parar e reflectir um pouco.
Os recentes casos de funcionários públicos sancionados por actos ou palavras no seu local de trabalho, permitem legitimamente questionar o rumo que o nosso pais está a tomar ou a retomar.
Depois do professor Charrua, que foi dispensado do cargo que ocupava na DREN por alegados comentários jocosos em relação ao mediático caso da licenciatura de José Sócrates, veio agora a público mais um caso de intolerância de um governo que sendo socialista deveria ver na crítica uma manifestação da liberdade de opinião e não um alvo a abater a todo o custo.
Soube-se, agora, que Celeste Cardoso, directora do centro de Saúde de Vieira do Minho foi exonerada do cargo, com fundamento na quebra do dever de lealdade para com o Ministro da Tutela, por ter permitido a afixação na sala de espera do referido centro de saúde de um cartaz, que alegadamente, reproduzia em termos jocosos declarações do ministro da saúde, procurando atingi-lo.
E esta directora nem foi a autora do cartaz, o seu delito foi unicamente ter permitido a sua afixação e não ter punido o médico que assumiu a sua autoria.

Significa isto, que o seu erro foi não ter agido da mesma forma que o fez a directora da DREN em relação ao professor Charrua, porque se o tivesse feito, provavelmente, não teria sido exonerada do cargo.
Fica o aviso aos funcionários públicos, a partir de agora estão proibidos de expressar suas opiniões relação ao governo ou seus membros, pelo menos no local de trabalho. É este o novo conceito de liberdade de opinião, que de valor fundamental parece estar a ser relegado para um direito relativo.
Resulta evidente que o governo tem dificuldade em conviver com as criticas o que representa um sinal de insegurança que procura disfarçar com o uso de autoritarismo.
Estão reunidos os pressupostos para gerar um clima de intimidação e as atitudes são de tal modo prepotentes que nem entre os Socialistas são consensuais.
Em democracia há atitudes que se pagam caro, assim os Portugueses não revelem memória curta.

Hélder Rebocho
04.07.07

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