quarta-feira, 18 de julho de 2007

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

Crónica de Hélder Rebocho

quarta-feira, 18 Julho 2007
Todos sabemos que o verão não é a melhor altura para colocar os portugueses perante grandes decisões, pois os seus espíritos andam aturdidos com as férias em curso ou com as que se avizinham.
Perder tempo a decidir sobre questões políticas é algo quer parece pouco conciliável com a época do grande descanso anual.
A provar esta conclusão estão as eleições autárquicas para a Câmara Municipal de Lisboa do passado domingo.
Feitas as contas, a abstenção foi a maior vencedora e veio confirmar que a escolha do calendário foi mais do que infeliz.
A uma campanha eleitoral discreta e muito pouco mobilizadora seguiu-se um acto eleitoral realizado num fim-de-semana em que milhares de portugueses partiam para férias e outros regressavam. Para uns e outros, votar não justificou uma partida para férias mais tardia ou um regresso antecipado.
Nem sei se para muitos seria mais importante que o tradicional passeio domingueiro numa grande superfície ou até do que uma ida à praia.
O resultado está á vista, apenas uma parte de Lisboa votou, por sinal a minoria, porque mais de 60% dos Lisboetas desprezaram a eleição do seu Presidente de Câmara.
A vitória de António Costa é, por tudo isto enganadora. Não reflecte a opção de todos os Lisboetas, nem ao menos da maioria, e não traduz o verdadeiro sentir dos Portugueses em relação ao Governo Socialista de José Sócrates.

Desenganem-se aqueles que vêm nesta vitória o revitalizar da empatia dos Portugueses com o PS e com o Governo, porque ela não representa uma manifestação a seu favor.
A sua popularidade está hoje a níveis quase tão baixos como estava em Outubro de 2005. No concelho de Lisboa, menos de um em cada cinco eleitores fazem uma avaliação positiva da actuação do Governo nacional.
Por tradição as eleições autárquicas servem para penalizar os governos, pelo menos assim foi em sete dos nove actos eleitorais desde 1976.
Tendo em conta que nos dois actos eleitorais em que não houve penalização os governos estavam ainda a gozar o seu estado de graça, estas foram as primeiras autárquicas em que o resultado não reflectiu o sentir da generalidade dos portugueses em relação á governação do país.
António Costa fez até uma pálida figura e não arrasou, como por ai apregoaram que arrasaria. Confinado a uma maioria relativa precisa de mais votos do que aqueles que conquistou, ficando obrigado a optar por uma política de alianças para governar o Município.
No entanto ganhou as eleições.
Mais do que ao governo, fica o aviso á oposição, os portugueses querem mudar, mas fartos de serem enganados já não vão atrás de qualquer candidato, exigem alternativas credíveis, projectos sólidos, para que a mudança não signifique mais do mesmo.
Em 2009 há eleições legislativas e será um erro não ter em conta esta nova mentalidade, que por amostra, o eleitorado lisboeta agora revelou

Hélder Rebocho
17.07.07

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