segunda-feira, 2 de julho de 2007

AO CORRER DO TECLADO

A perda dos avós, nos dias de hoje

1- A dimensão do pensamento daqueles que têm por missão zelar pelos cuidados gerais, os valores geracionais e as lógicas sociais que em cada momento se colocam á harmonia da sociedade, mostram-se inadequadas e por vezes desprezíveis, atendendo que nada vale, que os mais velhos vivam cada vez mais, se os mais novos os ouvem cada vez menos.
2- A sociedade está feita para os mais novos, o ideal de beleza, a sua pujança, o entendimento da vida nos parâmetros dos vinte e os trinta e cinco anos, numa lógica purista obriga ao estagnar do indivíduo a partir dessa barreira, esquecendo a invejável situação dos conhecimentos adquiridos, da maturação e conhecimento de problemas que só a vivência pode transmitir, admitindo que as pessoas apenas terão quinze a vinte anos de utilidade, independentemente dos anos que possam viver.
3- Sendo que os mais velhos não terão sempre razão nas suas ideias e, muito menos, deveremos ter a visão de tudo saberem e tudo podem decidir em nome do colectivo, reconhecendo que muitos adultos por vezes se queiram fazer passar por entendidos em assuntos concretos que não dominam, abraçando atitudes de alunos de liceu, impingindo ideais da juventude que já não têm, confirmando o ditado de que um burro carregado de livros nunca foi doutor.
4- Existem muitas ideias feitas mas ninguém desmente a ideia de que tal como encontramos jovens maravilhosos, onde a relação pessoal e a perspicácia cativa o seu semelhante mas, alguns velhotes que por aí andam são fantásticos, com a alegria que manifestam, o saber vivido de resistência e cultura, nos transmitem uma confiança e prazer inigualáveis.
5- Esses mesmos velhotes, muitos com passado notável, continuam com uma resistência física e talento que admiramos, valendo-lhe muito os seus conhecimentos, a sua razão experimentada de um passado de lealdade, persistência e firmeza no respeito e conceitos gerais.
6- Por todo o lado aonde quer que se vá, nos apercebemos de diferenças substanciais de opinião, onde o que mais importa são as novas ideias e descobertas, sendo o que ficou para trás foi transformado, foi desacreditado, subvalorizado, compartimentado em factos a explorar ou a apagar, num artesanato intempestivo de interesses.
7- A homenagem e o respeito que a idade nos devia merecer, não aparentamos capacidade de atribuir e dar mais valor aos mais idosos, nem o engenho perspectivando tirar partido dessa condição, sobretudo em determinados modos de estar, transportando os conhecimentos válidos de uma sociedade passada, sabendo que os livros e a Internet não são tudo.
8- As possibilidades de aprendizagem e de cultura dos nossos dias estão facilitadas, hoje unanimemente afirmamos que infelizmente em tempo recuado não muito distante, e a nossa infância e a nossa adolescência receberam mensagens e ensinamentos confusas e contraditórias no mínimo, onde as crendices, a religião, o medo, os problemas do sexo e a procriação, são factores estagnantes e as dificuldades dos nossos pais eram resolvidas entre muros, sem qualquer hipótese de aconselhamento ou consulta – hoje todos os problemas podem ser aconselhados e corrigidos se os pais compreenderem as necessidades dos filhos e lhes derem a informação de que necessitam, nas diferentes fases das suas vidas.
9- A problemática continua a não estar bem resolvida, ainda que os temas da infertilidade e a sexualidade sejam tratados de uma forma simples e aberta, outros existente onde o contraditório, a incerteza, e os interesses sectoriais se fazem sentir, com trapalhadas e insensibilidades, onde o humanismo está directamente proporcional á qualidade de vida e o relacionamento crítico entre o Zé e os poderes constituídos se agudizam, onde a velhice se poderá sentir desprezada.
10- Are mesmo a comunicação franca, aberta e credenciada, parece estar a resvalar para posições de força, em sectores essenciais da vivência em democracia, onde os objectivos das partes para além de não encorajarem ninguém, a honestidade essencial entre políticos e governados não poderá ter mácula, acresce que as leis que se fazem e desfazem, com leituras a gosto e de consciência pequena a nada ajudam, muito pelo contrário.
11- Se mal entendidos e delitos de opinião se tornaram um jogo e atitude de bancos de escola, para mim já tirei as conclusões suficientes, descontraídas e deslocadas de retórica da ronha partidária e de sussurra liberal e absolutista que me abstenho de dar parecer.
12- Apenas direi, tal como outras situações com que não concordo, a Maternidade de Elvas não produzia anualmente meninos suficientes, no entanto, na memória colectiva mantinha muitos filhos em seu redor, ainda que estes com alguma idade, mantinham a mania de se dizerem portugueses até morrer.

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