sexta-feira, 29 de junho de 2007

POESIA NO ALANDRO AL

Recordação

(SÉRGIO MILLIET, in Oh! Valsa Latejante...1922/1943

Elas entraram uma após outra
no harém das recordações
Gilberta dos lábios maus
Armanda dos vícios bons
Dulce dos seios maternais
Teresa das angústias vãs

Uma após outra elas entraram
na dança descompassada
Susana em passo de valsa
Maria quebrando um samba
Mas a tua melodia
oh coração solitário
nenhuma delas percebeu.

Foram saindo por isso
cada qual para seu lado
Gilberta com seu marido
Armanda pró cemitério
Dulce descabelada
entre remorsos e ais
Teresa com sua angústia
Susana dizendo adeus
Maria se requebrando

e teu coração solitário
mais solitário ficou.
Os anos passaram, cansaste?
Qual! nas tardes de Abril
nas noites de lua cheia
o mesmo enleio te prende
a mesma insatisfação.
Outros lábios procuras
outros seios, outras mãos,
outros nomes se inscrevem
no medo da solidão.
Mas apenas a lista aumenta
pois nada sedimenta
no fundo de teu coração.

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