terça-feira, 26 de junho de 2007

CRÓNICAS DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

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Palestina - Domingos Cordeiro

Terça, 26 Junho 2007
Vimos assistindo, nos últimos dias, a noticias que dão conta de confrontos na Faixa de Gaza entre partidários do Hamas e da Fatah de que resultaram, entretanto, mais de 120 mortos e 600 feridos. Infelizmente, tal não é a primeira vez que acontece.
O que se passa agora na Faixa de Gaza é, contudo, difícil de entender, à luz das declarações que têm vindo a lume.
Com efeito, Khaled Meshaal, líder do Hamas no exílio, após aqueles violentos confrontos, veio afirmar respeitar o Presidente Palestiniano Abbas e a sua legitimidade, Presidente que é justamente o líder da Fatah.
Esta declaração de Meshaal surgiu, precisamente, na altura em o Presidente Abbas, procedeu à exoneração do Governo do Hamas liderado pelo seu primeiro ministro Ismail Haniyeh, o que levou este a afirmar que se opõe a tal exoneração uma vez que o seu executivo, tendo saído do Parlamento eleito, é o legitimo.
Por sua vez o cheque da diplomacia saudita, príncipe Saud al-Fayçal, veio acusar os palestinianos de, com a luta fratricida travada nos últimos dias na Faixa de Gaza, terem concretizado"o sonho de Israel”. Disse, a propósito: "Por este combate interno, os nossos irmãos palestinianos realizaram o sonho de Israel de provocar a discórdia e a guerra entre os palestinianos", adiantando que: ‘Os palestinianos pregaram o último prego no ataúde da causa palestiniana".
Por seu lado, o Egipto condenou o Hamas por "se ter apoderado do poder na Faixa de Gaza e entravado o funcionamento das instituições".
Destas declarações parece resultar que, mais uma vez, os Palestinianos não podem contar com aquilo que se me afigura como uma decorrência natural, face á situação difícil em que vêm vivendo – a unidade entre os palestinianos e o consenso na nação árabe em torno da sua causa.
Resulta, ainda, destes factos o fracasso do processo de paz israelo-palestiniano.
Com efeito, a vitória do Hamas, na Faixa de Gaza, a que se junta o reinício das hostilidades do Hezbollah no sul do Líbano, é na verdade uma vitorio do Irão.
O problema israelo-palestiniano é, casa vez mais um problema israelo-iraniano. Irão que, para todos os efeitos, está hoje mais perto de Israel. E o destino de Israel, será a prazo, o destino do Ocidente.
Não é, pois, de estranhar que Barghouti, um importante politico palestiniano que se tem batido pela resistência não violenta dos palestinianos, tenha vindo afirmar que ter excluído o Governo Hamas (do qual ele não pode estar mais distante) foi excluir a democracia e a morte da primeira experiência democrática séria no mundo árabe.
Talvez, por isso, seja de reconhecer que a decisão da comunidade internacional em retirar toda a ajuda aos palestinianos por terem eleito o Hamas, não tenha sido a melhor opção. O diálogo com os radicais, a alguma parte haveria de ter chegado e o Hamas acabaria por reconhecer Israel mesmo jurando o contrário.
Agora, pode ser já demasiado tarde, para mal da paz no mundo, em particular, para os palestinianos que, por uma larguíssima maioria a perseguem há muito.

Domingos Cordeiro
26 de Junho de 2007

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