sexta-feira, 22 de junho de 2007

CRÓNICAS DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Colaboração da : :http://www.dianafm.com/

Crónica de Hélder Rebocho

Sexta, 22 Junho 2007
A polémica em torno da localização do novo aeroporto de Lisboa conheceu esta semana mais um novo capítulo da interminável novela em que parece estar a transformar-se.
Primeiro surgiram a Ota e Rio Frio como prováveis destinos para construção daquela infra-estrutura.
Depois surgiu a hipótese da margem sul, que rapidamente foi abandonada com inúmeros episódios dos quais se destacam o epíteto de “deserto” com que o Ministro das Obras Públicas brindou aquela zona.
Após tantos avanços e recuos a Ota parecia ser a opção definitiva, pelo menos assim o anunciou o Secretário de Estado das Obras Públicas, quando em final de Maio qualificou como irreversível a construção do aeroporto na Ota.
Oito anos e cento e quatro estudos complementares depois de João Cravinho ter tomado a decisão política de construir o novo aeroporto de Lisboa na Ota, o assunto parecia estar encerrado em definitivo.
Em mais uma manobra de diversão, daquelas a que o nosso governo nos vai habituando, a decisão foi mais uma vez adiada, agora a pretexto de um estudo realizado por um grupo de empresários que descobriu em três meses uma solução milagrosa, que os governantes nunca haviam ponderado em quase trinta anos.
Estes empresários, passando á prática o ditado popular “ faz bem não olhes a quem”, decidiu auxiliar o governo na hercúlea tarefa de encontrar a melhor localização para o novo aeroporto e decidiram custear.

Um estudo que veio revelar Alcochete, como mais uma alternativa á Ota e que apresenta inúmeras vantagens, sobretudo em termos económicos, pelo menos fazendo fé nos resultados do referido estudo.
Não vou aqui pronunciar-me sobre as motivações dos empresários ou os interesses que possam estar-lhes subjacentes, mas há uma conclusão que é inevitável, depois de tantos avanços, recuos e decisões definitivas que amanhã ficam suspensas, está provado que os nossos governantes não ponderaram, afinal, todas as opções válidas, o que não deixa de ser preocupante, sobretudo se tivermos em conta que falamos de um investimento de largos milhões de euros, suportado, em grande parte pelo erário público e que constituirá um encargo significativo do Estado nas próximas duas décadas.
Depois dos empresários, 1, e ao que parece,surge agora um grupo de defensores do projecto Portela preparam-se para avançar também com um estudo sobre esta localização.
A questão parece estar longe de estar decidida, embora já se tenha percebido que o governo tem a sua decisão há muito tomada e a Ota será o local escolhido para edificar o novo aeroporto de Lisboa, não obstante ser uma opção muito discutível por duas razões.
Por um lado, porque ninguém se convenceu, ainda, da viabilidade da Ota e por outro, porque estes estudos recentes têm vindo provar que existem outras alternativas válidas que nem sequer foram equacionadas por quem tem o dever de decidir, o que não deixa de ser preocupante.

Por isso, seria urgente discutir este projecto de uma vez por todas de forma séria, responsável e alargada, identificando as melhores localizações em função das condicionantes e das vantagens de cada uma.
De um governo que se pretende sério espera-se que vá ao fundo do problema e sobretudo que seja breve e objectivo, quanto mais não seja em nome dos 100 milhões de euros já gastos em estudos.
Um projecto desta envergadura não pode ser decidido com teimosias ou pressões de interesses particulares.

Hélder Rebocho
20.06.07

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