segunda-feira, 18 de junho de 2007

CRÓNICAS DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

O limite - José Faustino

Segunda, 18 Junho 2007
Diz-se que os portugueses andam deprimidos e que são pessimistas.
Porque será? Terão motivos para andarem alegres e optimistas?
Infelizmente, não. Muitos já perceberam, há algum tempo, qual a realidade em que o país se encontra e, sabem igualmente, que os problemas que os afecta são de ordem estrutural e não de ordem funcional.
A génese do problema está na estrutura do Estado e da sociedade e não no seu funcionamento, para resolver o problema são necessárias profundas reformas estruturais.
O que o Governo tem feito nestes dois anos de mandato são reformas avulsas, perfeitamente desgarradas, incidindo apenas no funcionamento e não na estrutura.
É verdade que as oposições, e a maioria dos especialistas mediáticos, não têm alternativas, podendo dizer-se que o Governo está a fazer aquilo que outros fariam e que alguns deles poderiam ter feito.
Os resultados destas politicas começam a perceber-se. O défice público está a baixar, mas isso deve-se apenas ao aumento das receitas fiscais, com o especial contributo das micro, pequenas e médias empresas e da classe média.
Na verdade, têm sido estes os principais sacrificados, só que a sua capacidade está a chegar ao fim e a despesa pública não pára de crescer.
O crescimento económico está muito abaixo do necessário, continuamos a divergir da Europa.
Com as micro, pequenas e médias empresas falidas, com a classe média arruinada, sem capacidade de consumir, com muito pouco investimento público e privado, a economia não cresce, o desemprego aumentará e até o défice voltará a subir. Espera-se, por isso, um futuro sombrio.
O desespero do Governo levá-lo-á a tomar medidas cada vez piores e é aqui que importa definir o limite até onde se poderá chegar.
Infelizmente, já se começam a notar alguns afloramentos preocupantes, como por exemplo, a ideia de lançar impostos sobre todos os donativos, incluindo entre familiares.
Esta medida mostra o desespero a que se chegou. Estou convencido que isto é apenas o começo. Os sucessivos aumentos de todos os impostos, o autentico terrorismo das penhoras e de toda a persuasão sobre os contribuintes não serão suficientes para alimentar a despesa pública e por isso não faltarão as mais disparatadas ideias para aumentar as receitas.
Só que para tudo há um limite e neste caso o limite é a capacidade económica das pessoas e muito especialmente a sua liberdade e o direito à privacidade.
Medidas desta natureza, para além de toda a imoralidade fiscal que comportam, constituem uma autêntica devassa da privacidade dos cidadãos.
Passado o limite, a coisa fica incontrolável, imagine-se o festim que seria o levantamento do sigilo bancário com a vida das pessoas a serem vasculhadas à cata de todos os cêntimos e de tudo o mais.
Não basta dizer-se, hipocritamente, que se defendem os dados pessoais para depois escancarar a vida privada das pessoas a pretexto de sacar os últimos cêntimos dos contribuintes.
Quanto tempo demorará para que todos se apercebam do perigo que se aproxima?

18/06/07
José Faustino

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