segunda-feira, 25 de junho de 2007

CRÓNICA DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Transcrição da crónica diária transmitida aos microfones da :http://www.dianafm.com/

Lisboa e a paisagem - José Faustino

Segunda, 25 Junho 2007
Costuma dizer-se que: Lisboa é Portugal e o resto é paisagem.
De facto, esta expressão continua a fazer sentido, se bem que outro dia, em debate televisivo, um eminente professor universitário, ao que parece guru para os nossos governantes, defendeu a coisa em termos mais generosos, afinal o limite entre Portugal e a paisagem é mais alargado, resume-se a uma faixa litoral, entre Viana do Castelo e Lisboa.
Dizia, a propósito da linha do TGV, que era incompreensível que se previsse uma estação em Évora, pedia que os eborenses o desculpassem, até porque achava Évora muito bonita e gostava muito da cidade, mas a estação do TGV é que não fazia qualquer sentido, aliás depreendi das sua palavras, que entre a referida faixa litoral e Espanha não faria sentido haver nada de relevante, incluído o Aeroporto de Lisboa.
Nessa linha de raciocínio, o Senhor Ministro das Obras Públicas, na mediática palestra proferida na Ordem dos Economistas, definiu melhor o conceito de paisagem ao que à margem sul do Tejo (ou Além-Tejo) diz respeito, aí a paisagem é um deserto.
Ora assim tudo fica explicado, uma paisagem desértica, ao que parece com alguns oásis, como será o caso de Évora, onde todos os nativos desculparemos o referido senhor professor, como temos desculpado outros tantos que tanto têm contribuído para a consolidação deste imenso deserto, ou pior do que isso, até neles temos votado.
Daqui digo ao Senhor Professor, cujo nome não me lembro, que pela minha parte está desculpado e que se sinta à vontade e disponha deste oásis, onde nada deve parar, como melhor entender. Será sempre bem recebido, mesmo vindo de camelo ou dromedário.
Voltando ao assunto, se duvidas houvesse, que Portugal se resume a Lisboa, bastaria observar o desenvolvimento das eleições intercalares para a Câmara de Lisboa.
Desde logo o maior partido português fez deslocar o segundo mais importante ministro do Governo da República para candidato a presidente da Câmara.
Depois veja-se a cobertura mediática feita pela comunicação social de expansão nacional. O assunto é tratado como se de uma eleição nacional se tratasse, com vital interesse para todos os portugueses, aliás são inúmeros os políticos e comentadores que dizem que a eleição intercalar autárquica de Lisboa é um assunto nacional e não apenas de Lisboa. Não há pois qualquer dúvida, Lisboa e Portugal é praticamente a mesma coisa.
Ao falar nas eleições de Lisboa, não resisto a não contar um episódio que se passou comigo ao fim da tarde da passada quinta-feira, em Lisboa.
Estava eu acompanhado de outra pessoa em frente do novo edifício da Assembleia da República, na rua de S. Bento, para apanhar-mos um táxi quando alguns minutos depois surge a candidata Helena Roseta, acompanhada de uma outra senhora, com a mesma intenção (de apanhar um táxi), ficando as duas a aguardar do nosso lado direito.
Passados mais alguns minutos, eis que avistamos um táxi do lado esquerdo com a respectiva luz verde acesa, sinal de que estava livre, então inesperadamente as duas senhoras fizeram uma curta corrida, ultrapassando-nos para o lado esquerdo, fazendo parar o táxi no qual tomaram lugar e lá seguiram viagem.
Foi assim que tive oportunidade de presenciar pessoalmente o civismo e urbanidade da Candidata Helena Roseta.
Refeito da surpresa, comentei para quem me acompanhava: ainda bem que não moro em Lisboa e por isso não corro o risco de ter como Presidente da Câmara pessoas desta índole.
Pensei para mim, felizmente, daqui a pouco vou para o deserto e dormirei mais descansado, no meu oásis.

25/06/07
José Faustino

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