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Évora – Que futuro? (III) - José Fautino
Segunda, 23 Abril 2007
O desenvolvimento económico de Évora, ou como ele se deve processar, é um assunto recorrente, mas que pouco tem evoluído, mesmo a nível da discussão teórica, na prática pouco ou nada se tem verificado.
O próprio desenvolvimento do país tem sido fraco e as assimetrias regionais são cada vez mais evidentes, sendo o Alentejo uma das suas principais vítimas.
Por tudo isto, é verdadeiramente difícil discorrer sobre a melhor maneira de Évora se desenvolver economicamente.
Uma coisa é certa: sem pessoas não há desenvolvimento e sem desenvolvimento não há pessoas. Será na forma de romper com este ciclo que estará a chave do processo de desenvolvimento.
Há alguns anos atrás, a principal actividade económica do Alentejo era a agricultura, a indústria existente relacionava-se com ela a montante e a jusante.
Mais recentemente, depois da entrada de Portugal na União Europeia, a agricultura foi definhando e a pouca indústria existente foi desaparecendo, desenvolvendo-se em grande ritmo o sector dos serviços.
Escapou a industria electrónica resultante da implantação de uma marca multinacional, nos anos setenta, e de unidades satélites que se foram desenvolvendo à sua volta.
Perante esta situação, é essencial saber quais as actividades motoras, nas quais se deve apostar, para um correcto desenvolvimento.
Para uma escolha acertada é necessário ter em conta dois aspectos: aproveitar as indústrias de sucesso já instaladas e atrair as mais adequadas às características do concelho.
Assim, deve-se continuar a apostar na indústria electrónica e diversificar para a área da produção de software e tecnologias de informação. Com alguma ligação a estas, e devido às características do concelho, devem desenvolver-se indústrias culturais com principal incidência na produção de conteúdos.
Apesar de tudo, os projectos relacionados com a agricultura devem também ser prioritários.
O turismo e a aeronáutica são actividades de serviços que importa desenvolver, aproveitando as condições privilegiadas de Évora.
No turismo, será necessário criar actividades e atracões que fixem durante alguns dias os turistas na cidade.
Em relação à fileira da aeronáutica, acredito mais na vertente de serviços do que na industrial, aponto os exemplos: do pára-quedismo, do voo à vela e da pilotagem.
Para novas actividades há que definir estratégias de atracção dos investidores, cuja origem será local ou vindos do exterior, nacionais ou estrangeiros.
A incubação de empresas é uma outra hipótese que deve ser fortemente considerada, no sentido de incentivar a criação de novos empreendedores e, paralelamente, atrair investidores de risco e “anjos de negócios”.
Para se captarem empreendedores externos é necessário desenvolver programas de atracção e facilitação à sua fixação, abandonando definitivamente “fundamentalismos” políticos e burocráticos. Mas, mesmo assim, não será uma tarefa fácil.
Embora não exista grande capacidade de investimento por parte dos empreendedores locais, eles nunca devem ser esquecidos ou abandonados e, em circunstancia alguma, se devem sentir discriminados.
Na verdade, a incubação de empresas poderá ser o principal factor de captação de novos empreendedores, se bem que seja um processo mais lento.
Esta via aproveitará os jovens licenciados na universidade e também muitos dos actuais empresários existentes no sector dos serviços.
Alguns potenciais investidores locais poderão ser sensibilizados para aplicarem o seu capital nestas novas empresas em incubação.
Finalmente, três notas:
Muitas das actividades propostas podem e devem desenvolver-se em pequenos perímetros industriais nas freguesias rurais;
É importante desfazer um mito muitas vezes utilizado como arma de arremesso político contra o desenvolvimento. Em Évora, jamais se instalarão indústrias poluidoras pela simples razão de que necessitam de muita água, coisa que cá não abunda;
Numa dinâmica de desenvolvimento não se pode ficar à espera do Governo da República, a iniciativa caberá sempre aos eborenses, os políticos de Lisboa, só agirão por arrastamento.
Para a próxima semana falarei sobre o ordenamento urbano.
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