segunda-feira, 16 de abril de 2007

CRÓNICAS DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Diariamente na:

dianafm_1.jpg

Évora – Que futuro? (II) - José Faustino

Segunda, 16 Abril 2007
No seguimento do que disse na semana passada, Évora poderá evoluir seguindo um de dois caminhos possíveis.
Ou vai crescendo naturalmente, de forma passiva, pela procura de novos habitantes, provenientes das zonas rurais circundantes, imigrantes ou por aqueles que procuram Évora como cidade mais sossegada para viverem, com melhor qualidade de vida, como costumam dizer.
Ou então crescerá de forma activa, desenvolvendo-se de forma sustentada, atraindo novos habitantes e novas actividades.
A primeira opção decorrerá naturalmente, sem que se faça grande coisa para que ela aconteça.
Para que aconteça a segunda opção já é necessário preparar e planificar o desenvolvimento da cidade.
Há ainda uma terceira hipótese, que consiste em travar qualquer desenvolvimento de Évora. Acredito que esta hipótese nunca se ponha.
Para escolher o caminho a seguir, colocam-se dois tipos de abordagem em função do relacionamento que cada um tem com a cidade. Lembrando que não há regra sem excepção, passo a explicar.
Para os que nasceram em Évora, a cidade deve desenvolver-se no sentido de permitir a fixação dos seus descendentes sem necessidade destes terem de emigrar para outros locais.
Para os que vieram para Évora atraídos pela sua beleza, pelo sossego e pelo seu pouco desenvolvimento, custa-lhes admitir o desenvolvimento da cidade pelo medo que isso lhes causa pois receiam que a cidade se venha a degradar e que se descaracterize.
Era desejável que estes dois grupos estivessem em igualdade de circunstâncias para decidirem o futuro da cidade, mas infelizmente os que vieram tem mais poder de decisão. A maioria dos indivíduos que constituem este grupo são técnicos e pessoal qualificado que têm mais acesso aos centros de decisão e por isso os eborenses de nascimento poderão ficar prejudicados na sua capacidade de influenciar.
Sendo natural de Évora, incluo-me naturalmente no grupo dos que preferem que Évora se desenvolva no sentido de possibilitar a fixação dos nossos filhos e netos.
A grandeza de uma cidade está essencialmente na quantidade e qualidade dos seus habitantes. Nas actuais circunstâncias globais, só uma cidade, no mínimo de média dimensão, tem condições de evoluir. Sem pessoas não há mercado e sem mercado não há desenvolvimento nem criação de riqueza.
Évora para ser viável, tem necessariamente de crescer.
Assim sendo, importa discutir e reflectir sobre que tipo de desenvolvimento pretendemos para a nossa cidade, sendo necessário saber o que queremos e o que é possível realizar.
Por isso, temos de pensar o futuro com os pés assentes na realidade e sem fantasias nem sonhos de coisas impossíveis de concretizar.
Convêm dizer que falar de desenvolvimento também não é só falar de maravilhas e coisas boas, o desenvolvimento também tem o reverso da medalha, há sempre aspectos negativos, infelizmente algumas coisas terão de se sacrificar. A arte de planificar está em conseguir o máximo de efeitos positivos com o mínimo de efeitos negativos.
Mas não se assustem os mais conservadores e os mais cépticos, o desenvolvimento de Évora não implicará estragar a monumentalidade da cidade ou construir arranha-céus. Nada disso, isso não seria desenvolver, isso será destruir. Por exemplo, construir em altura, em Évora, seria um perfeito disparate.
Évora tem de procurar o seu desenvolvimento diferenciando-se das outras cidades, as suas principais características de qualidade nunca poderão ser prejudicadas, elas devem ser, necessariamente, sempre mais valorizadas.
Para falar do crescimento de Évora deve reflectir-se sobre dois pontos essenciais: o desenvolvimento económico e o ordenamento urbano.
Será sobre eles que falarei na próxima semana.

Sem comentários: