terça-feira, 10 de abril de 2007

CRÓNICAS DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

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Crónica de 10 de Abril de Domingos Cordeiro

Terça, 10 Abril 2007
O regime iraniano não pára de surpreender. Há três semanas atrás raptou 15 europeus, no caso britânicos ao serviço das Nações Unidas, humilhou-os em público e mostrou-os na TV como troféus de caça, obrigando-os, sabe-se, agora a ‘confessar’ todos os delírios que Teerão entendeu. Viriam a ser libertados na passada quinta-feira.
Entretanto, por declarações de um alto diplomata iraniano, ficámos a saber que Teerão espera que o Reino Unido retribua o ‘gesto positivo’ da libertação, ajudando a libertar cinco membros da Guarda Revolucionária Iraniana que se infiltraram no Iraque e foram capturados a 11 de Janeiro por tropas norte-americanas.
É por demais evidente que estes os dois problemas estão ligados, apesar do regime de Teerão os ter tentado separar. E a captura dos 15 europeus soa, cada vez mais, como uma medida gratuíta destinada a consumo interno.
Ainda este assunto está presente e já ontem, o presidente iraniano declarou que o Irão “ acaba de entrar para o grupo de países que produzem combustível nuclear a nível industrial” e que já tem, pelo menos, 3.000 centrifugadoras a enriquecer urânio. Tal anúncio é feito, numa altura em que o Irão se encontra debaixo de novas sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU por se recusar a suspender as actividades nucleares.
Esta violação das exigências da comunidade internacional é preocupante e perigosa, porque transmite ao regime de Teerão a ideia da impunidade.
A União Europeia que, felizmente, não é por soluções militares pode, contudo, fazer mais do que tem feito de forma a trazer o Irão à razão. Não deverá ficar-se, pois, como o fez a quando do rapto de 15 dos seus cidadãos, pela exigência da sua libertação nem, agora, pela exortação do Irão a cooperar plenamente com a Agência Internacional de Energia Atómica.
Numa altura em o regime iraniano apresenta fragilidades crescentes, reflectidas no desemprego e inflação galopantes e no descontentamento interno, deverá, também, encarar a possibilidade de apertar o Irão no sítio onde mais lhe dói. Ou seja, no bolso comercial do regime, que tem na Europa o seu principal comprador. A combinação sábia de uma politica de sanções com a condenação internacional é o caminho a seguir.

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