segunda-feira, 9 de abril de 2007

CRÓNICAS DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Uma amabilidade da : http://www.dianafm.com/

Évora – Que futuro? - José Faustino

Segunda, 09 Abril 2007
Évora está a discutir a revisão do seu Plano Directo Municipal, esta é uma boa altura para os eborenses reflectirem sobre o futuro da sua cidade.
Évora até ao 25 de Abril esteve muito virada sobre si. Os eborenses orgulhosos do seu património sempre a conservaram, mas a cidade pouco se desenvolveu.
O fraco desenvolvimento da cidade acompanhava o fraco desenvolvimento do país e, por isso, não destoava. Évora, nessa altura, estava entre as principais cidades portuguesas.
Depois do 25 de Abril, Portugal começou a desenvolver-se. Muitas cidades cresceram, Évora, infelizmente, não acompanhou esse desenvolvimento, continuou a olhar para si própria, continuou a preservar o seu património, é certo, mas fê-lo com exagerado fundamentalismo e, especialmente, por isso hoje temos, seguramente mais de vinte cidades portuguesas à nossa frente.
É verdade que muitos outros factores também contribuíram para essa situação.
Chegados aqui e não se podendo emendar o passado, importa acautelar o futuro e para o fazer é necessário sabermos o que queremos de Évora e para Évora.
Só de uma reflexão colectiva, sem sectarismos de qualquer espécie ou sem qualquer espécie de reserva mental ou ideológica será possível acautelar o futuro.
Sem dúvida alguma que a conservação do património de Évora é muito importante, mas o seu desenvolvimento é muito mais importante e uma coisa não invalida a outra.
Para pensar Évora é necessário fazer o enquadramento da cidade na região, no país e no mundo é, como se costuma dizer: necessário pensar global e agir local.
A tendência a nível mundial é para a formação de “ilhas” urbanas (áreas metropolitanas) no meio de grandes extensões de terreno quase despovoadas.
Quer se goste quer não, isso acontecerá e se observarmos com alguma atenção verificaremos que já está acontecer. O fecho de escolas e outros serviços é apenas uma das consequências desse fenómeno e que também contribui para o seu agravamento.
Neste enquadramento, Évora será, inevitavelmente uma dessas tais “ilhas” urbanas no meio da vasta planície Alentejana.
Assim sendo, qual será a importância da sua localização e como se deve posicionar perante as outras cidades e a região?
Há quem pense que Évora terá uma grande importância, dada a sua localização no eixo Lisboa – Madrid. É um ângulo de abordagem interessante mas, na minha opinião, não é fundamental.
A zona urbana mais importante no eixo Lisboa – Madrid será uma possível cidade transfronteiriça que junte Elvas e Badajoz, isto se os portugueses tiverem inteligência para saberem aproveitar essa oportunidade, se não, será apenas Badajoz.
Évora fica a noventa quilómetros a oeste desta futura área metropolitana e a menos de cento e cinquenta quilómetros a leste de Lisboa. Para norte, até ao rio Tejo, apenas temos Portalegre e para sul, até à serra algaravia, apenas Beja.
A península de Setúbal faz, cada vez mais, parte integrante da área metropolitana de Lisboa e, apesar do obstáculo natural que é o rio Sado, a área Santiago do Cacém – Sines tenderá a aproximar-se-lhe mais do que de Évora ou de Beja.
Por isso, a importância de Évora jogar-se-á pela centralidade entre a área metropolitana de Lisboa e a área metropolitana de Elvas - Badajoz e entre o rio Tejo e o Algarve.
Évora, ou se tornará numa área metropolitana própria, ou será absorvida pela de Lisboa ou pela de Elvas – Badajoz. Faço notar a continuidade que Vendas Novas e Montemor proporcionam com Lisboa e a que o triângulo Estremoz – Borba – Vila Viçosa proporciona a Elvas - Badajoz.
Se o futuro aeroporto de Lisboa fosse na margem sul do Tejo, Évora juntar-se-ia rapidamente à área metropolitana de Lisboa.
Qualquer destes três possíveis cenários não são, necessariamente, bons ou maus para Évora, são apenas variáveis a ter em conta ao pensar-se na evolução da cidade.
Para a semana continuarei com este tema.

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