Parceria com a :
A baixa do défice - José Faustino
Segunda, 02 Abril 2007
O défice baixou em 2006 e baixou muito mais do que estava previsto. Ficou toda a gente contente, ficou satisfeito o Ministro das Finanças, o Primeiro-Ministro, muitos economistas, muitos comentadores e os apoiantes do Governo e da sua politica, enfim uma satisfação quase geral.
Tal êxito deve-se, em grande parte, ao aumento das receitas e à diminuição do investimento público, o raio da despesa é que teima em não descer.
Portanto o êxito deve-se aos impostos, cada vez maiores, pagos pelos portugueses, os tais que têm fama de não pagar impostos. Imagine-se o que seria se pagassem. Aí o país dava lucro.
O défice baixou, claro que baixou, era só o que faltava era que não baixasse com a carga fiscal que temos em cima.
O pior é que estamos cada vez mais pobres e mais longe da Europa.
Alguém disse em tempos que “havia mais vida para além do défice” e, de facto havia e há.
Baixar o défice apenas com aumento de impostos e com diminuição do investimento não nos leva a bom porto. Se a economia não crescer e se não apanharmos os nossos colegas europeus de nada servirá a redução do défice.
Mas para que isso aconteça é necessário reformar profundamente o Estado e o regime e disso nada foi feito.
Mas, como diz a outra, “isso agora não interessa nada”. Há é que festejar esta maravilhosa vitória sobre o défice.
Infelizmente, como normalmente acontece, há sempre um a estragar a festa. Desta vez foi o líder da oposição, é verdade o homem armou-se em desmancha-prazeres. Meteu-se-lhe na cabeça que se deviam baixar os impostos e se melhor o pensou melhor o disse.
É claro que se fartou de levar na cabeça. Desde logo, da sua correligionária Dr.ª Manuela, ou não fosse ela a inventora do sistema que agora proporcionou esta maravilha ao Governo.
Levou e levou bem, então o homem não sabe que essas coisas não se podem pensar e muito menos dizer.
Toda a gente sabe que só haverá desenvolvimento económico com investimento e para que este aconteça é necessário atrair os investidores e estes só o farão com incentivos e benefícios fiscais, leia-se: impostos mais baixos.
Mas uma coisa é baixar impostos e dar benefícios às multi-nacionais, outra bem diferente, é deixar de carregar sobre as micro, pequenas e medias empresas, essas estão destinadas apenas a pagar crise.
Então o homem queria matar a galinha dos “ovos de ouro”, logo agora que o negócio começa a render?
Finalmente, convêm lembrar ao Primeiro-Ministro que equilibrar as finanças públicas não é só por si façanha que o faça passar à História como grande estadista, já cá ouve outro, há muitos anos, de seu nome António, que o fez e ficou na história justamente pelos piores motivos, além de outros, pela estagnação económica e social do país.
Esse, o melhor que conseguiu como reconhecimento, foi ganhar um concurso televisivo, muitos anos depois da sua morte.
Sem comentários:
Enviar um comentário