segunda-feira, 9 de abril de 2007

AO CORRER DO TECLADO

ADOLESCENTES DE ONTEM E DE HOJE

- Por vezes os mais idosos, pessoas com mais experiência de vida, alvitram e olham os dias presentes, de uma forma menos abonatória e sensata para com o que se passa, em relação aos mais novos, suas ideias, modos de estar e agir, onde comportamentos vacilam numa juventude perdida, onde as responsabilidades civis não se respeitam ou são letra morta, onde o turbilhão de peripécias tendem a desestabilizar. A impossibilidade em interagir em concordata com outras gerações e etnias, alvitram lamentos e descrenças proféticas que, em nada abonam o próximo futuro desta sociedade, estando descorçoados e crentes de uma mocidade perdida.

- Com alguma razão estes culpam-se a eles próprios pela complacência, pela falha de estratégias iniciais, pelo choque inter-pares no seio do habitat ou na via pública, onde o civismo raramente transparece, traduzindo-se os procedimentos das famílias inadequados, culpando outro tanto a educação e aptidões escolares adquiridas, a falta de experiências vividas e que os livros não abordam, a falta de carácter e de conceitos, quando não vão mais longe - o Governo e os políticos são culpados de todo o mal que nos afecta.

- O relacionamento com gerações e de conduta diferentes, incluindo as que emanam da emigração, hábitos e padrões convergem em conflitos e em insultos sem nexo, onde a educação era considerada até há pouco o sustento máximo da convivência, como as boas maneiras, respeito e sã harmonia, se inverteram em liberdades desajustadas e dadas de mão beijada, sem controlo nem contrapartidas aceites ou testadas, levaram a enormes salsadas e mal entendidos, encrespando tudo e todos, sendo que a razão, se joga por outras linhas, com espertezas e oportunismos preconcebidos, ou seja, a razão de uns, não está em consonância com a razão dos outros. Daí o ditado – não haverá uma só verdade, para o mesmo problema e, que certas democracias adoptaram quando lhes convém.

- Sem evasivas, encontramos quem afirme: – Deram-lhes rédea solta… agora queixam-se mas, aturem-nos.

- Assim também não. A rédea curta seria o ideal, sem esticar muito a corda, digo eu, mas, que venha o mais pintado dizer-me que esta mocidade, é pior que a da década 50. Essa não, se coisas mudaram para pior, certamente outras melhoraram bastante, haverá de ter em conta que, épocas diferentes terão tendencialmente processos e soluções diferentes.

- Ao transcrever estas linhas, estou a recordar uma passagem da minha infância, e servirá para desmentir o preconceito de algumas inteligências que destrinçam os bons e os maus pela idade.
Assim mão podendo ser muito conciso, para não se tornar maçudo e ocupar muito espaço, lá vai

- Este vosso amigo, foi nascido e criado no Alentejo, fez a escola obrigatória e matriculou-se no Colégio para seguir o Liceal como era moda. No burgo não havia outra opção – ou estudas ou vás cavar batatas, era o lema e o costume. O dito Colégio situava-se paredes-meias onde viviam dois grandes amigos meus que muito estimo, apesar de passarem anos sem nos cruzarmos mas, neste momento estarão aflitos para saber se lhes vou destapar a careca e dizer mal deles. Nada disso.

- Vamos ao que interessa, o referido Colégio particular, era pertença do Delegado de Saúde do concelho que, com sua mulher D.Maria Helena, ambos cumpriam o seu dever como professores sóbrios, exigentes e amigos, em variadas disciplinas cada um e com agrado geral, exceptuando quando a senhora se levantava com os azeites, ou com o rabo virado para a lua, malhava tudo e todos.

- Criteriosa no cumprimento de horários, no interior das salas eram proibidos os excessos e gracejos, obrigando tudo e todos a um ritual preestabelecido ao longo de muitos anos, feita de experiência dura e de cansaço diário. Aquela Senhora aguentava sentada, sem se levantar, pelo menos 5 horas diárias por turno, pelo que, a senhora sentava-se no cadeirão todos os dias ás 8 da manhã e até ás 13, seguindo-se uma nova etapa na parte da tarde.

- Munida de um ponteiro de madeira flexível bastante comprido e fino, este vergava várias vezes quando era arremessado contra a cabeça do aluno que se pretendia repreender, o que acontecia várias vezes por dia em todas as disciplinas chegando um certo dia que a turma armou-se em engraçadinha, não escapando nenhum nesse dia, sem ver a professora passar-se dos carretos.

- A resposta do grupo não se fez rogada e, no dia seguinte, combinaram antes que a professora se sentasse, colocar-lhe na cadeira uma quantidade de grude (tipo de cola forte que se usava no calçado) e assim a senhora das 8 ás 13 secou a cola contra o vestuário, sendo de salientar que, durante esse tempo e nesse dia, passaram pela sala 5 turmas sem que a senhora se levantasse, ficando todos em cheque e, a maioria sem saber o que se estava a passar.

- Na hora de se levantar para o almoço, a D.Maria Helena levantou-se na sua passada rápida e decidida, com aquela atitude brusca, começou por arrastar o cadeirão, apercebendo-se que estaria entrelaçada ou colada. Assim tentou desenvencilhar-se do cadeirão, apercebendo-se da tramóia mas, dado que o grude já estava seco a única solução seria cortar toda a roupa, incluindo as cuecas para assim se libertar, já raivosa e de rabo ao léu já prometia naquele momento vingança, o que aconteceu no dia seguinte. Para seu azar as outras turmas aperceberam-se da malandrice, ninguém se descoseu, para acusar o autor de tal invenção.


- Esta atitude de grupo, é sobejamente conhecida, onde a irreverência tem uma mística repartida, uma ilegalidade não calculada mas, quando dá para o torto e chega ao momento de pagar as favas, todos se colocam um posição ingénuos santinhos.

- O descontrole manifestado por grupo de estudantes finalistas portugueses em Espanha, é de lamentar e reprovar, para além da falta, emocionalmente os estudantes não souberam medir as consequências, fica-nos na retina a escassez de ensinamentos responsáveis, a falta de preparação e de convivência entre os elementos, onde os caminhos malignos dos vícios, indiciam escandalosamente, a forma errada como se vê o desporto escolar em determinados cursos, denegrindo as instituições e o nosso País.

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