quinta-feira, 22 de março de 2007

CRÓNICAS DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Uma cortesia da : http://www.dianafm.com/

Notas Soltas - Eduardo Luciano

Quinta, 22 Março 2007
O debate mensal com o Governo na Assembleia da República, realizado ontem, proporcionou alguns momentos de diversão e muitos momentos de reflexão.
O partido que nos governou acusa o partido que nos governa e que já nos tinha governado antes, de não diminuir os impostos.
O partido que nos governa responde ao partido que nos governou, que quando estava no governo fez exactamente o mesmo, retorquindo o partido que nos governou que quando o partido que nos governa estava na oposição também fez as mesmas propostas que agora recusa. Baralhados? Confusos? Ou apenas fartos desta alternância de actores numa peça já gasta e esfarrapada?
Sugiro que, para simplificar, se fundam e nos deixem de fundir a paciência.
Coisa mais clara, mais cristalina, até pela quantidade de água envolvida, foi a inauguração do Fluviário de Mora.
Um exemplo de como uma autarquia de um pequeno concelho do interior, com trabalho, perseverança e imaginação, consegue instalar uma estrutura única no país, que irá atrair visitantes, promover a educação ambiental e contribuir para o desenvolvimento daquele bocadinho de território.
Parece que a inauguração não teve a presença de nenhum membro do governo que terá delegado na senhora Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo a sua representação. Alguns maldosos viram nessa ausência, desinteresse pelo trabalho de uma autarquia onde o partido do governo não tem o poder.
Eu não acredito. A ser verdade que não apareceram, só pode ter sido por cortesia. Afinal, já tinha sido anunciada a existência no Fluviário de espécies igualmente perigosas.
E por falar em animais mais ou menos ferozes, passaram 4 anos sobre o início da guerra do Iraque. Passaram 4 anos sobre a data em que 3 mentirosos e um mordomo se juntaram na Base das Lages, para anunciar ao mundo a existência de arsenais de armas de destruição massiva na posse do ditador Sadam Hussein. E como consequência dessa verdade que entrava pelos olhos dentro, só restava uma solução: a invasão do Iraque.
Quatro anos e seiscentos mil mortos depois, a verdade incontornável transformou-se numa mentira hedionda e o território iraquiano é hoje palco de uma guerra que todos sabemos quem começou e ninguém arrisca um palpite sobre como irá acabar.
Uma guerra muito mais suave é a do Ministro da Agricultura com os critérios de atribuição dos subsídios comunitários. Perante o franzir de sobrolho da CAP às medidas anunciados pelo ministro, teve este necessidade de afirmar que não se tratava de tirar aos grandes para dar aos pequenos.
Sr. Ministro, pode ficar tranquilo. Ninguém no seu perfeito juízo irá acusar este governo de fazer política à Robin dos Bosques. O pessoal tem mais tendência para identificar as opções do executivo com a figura do Xerife de Nottingham.
E como ontem se comemorou o Dia Mundial da Poesia, faz todo o sentido deixar aqui as palavras de Sophia de Mello Breyner:
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem

Até para a semana

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