segunda-feira, 5 de março de 2007

CRÓNICAS DE OPINIÃO DA RÁDIO DIANA/FM

Uma parceria com a : http://www.dianafm.com/

A areia da minha incompreensão
José Faustino


Segunda, 05 Março 2007
Quando se trabalha sem utilidade nenhuma, costuma dizer-se que se anda a carregar areia para a praia.
É a esse absurdo que o Ministério do Ambiente se tem dedicado ultimamente. Como o mar leva a areia e avança terra a dentro vá de contrariar a natureza carregando areia para a praia.
Não sou especialista na matéria mas, como também não sou ecologista militante, tenho passado algum tempo da minha existência a observar alguns fenómenos da natureza.
Sei que a água dos rios arrasta terra, transformando-a em areia, levando-a, em grandes quantidades, para o mar e, também sei, que o próprio mar vai transformando o solo do litoral em areia, quando as suas características o permitem, à semelhança do que acontece nos rios e em águas do interior.
Calculo, que devido à extracção de areias para a construção civil e devido à sua retenção, por via da construção de barragens, chegue menos areia ao mar.
Também a própria transformação dos solos do litoral em areia é dificultada devido às várias construções que se foram erguendo junto da costa.
Por tudo isto falta areia nas praias.
Sei igualmente que por mais areia que se carregue para um determinado local ou por mais que se tire de outro, contra a vontade do mar (digamos assim) é uma tarefa inglória, pois o mar volta a por tudo com estava, às vezes de um dia para o outro.
Convêm dizer que nada disto tem a ver com o aquecimento global nem com a consequente subida do nível médio das águas do mar.
Não percebo o motivo pelo qual o Ministério do Ambiente insiste em gastar toneladas de dinheiro a querer contrariar a força da natureza.
Depois, ainda se percebe menos porque investe tanto na defesa de algumas construções, como por exemplo na Costa da Caparica, quando ainda há alguns anos queria demolir tudo o que fosse casa existente à beira mar.
Qual a diferença de critérios? Má consciência, nuns casos, devido às chorudas mais-valias cobradas quando das edificações? Ou total ausência de consciência noutros? Não sei responder.
Sei apenas que, como de costume, nada vejo de racional. Porque racional seria, antes de querer demolir algumas das casas existentes e de defender outras, definir à partida qual a distância da zona de protecção costeira e impedir, desde já, mais construções nessa faixa de protecção.
Quanto às construções existentes o mar se encarregará de tratar delas.
Eu sei que é difícil tomar decisões tão simples e razoáveis, pois têm o inconveniente de não serem espectaculares nem prejudicarem ninguém, especialmente os mais desfavorecidos, ao bom gosto dos políticos lusitanos.
Enquanto não se perceberem estas coisas simples, continuar-se-á a gastar o dinheiro dos contribuintes, travando batalhas perdidas, neste caso, carregando areia para a praia.

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