terça-feira, 20 de março de 2007

AO CORRER DO TECLADO

QUE FAZER, SE ME OFERECEREM ORTIGAS???

- O ditado diz “ Dar Dói “, compreende-se, em coerência, com a antiga sabedoria, sabendo que na sua generalidade hoje, o dito se comprova e dá resultados, grande parte dos humanos vive e alimenta-se aproveitando as fragilidades dos outros, são muitas atitudes comezinhas, onde a dádiva representa retorno de ganho, forcing da lembrança ou obrigação de tributo.
Oferecer ortigas é banal, ainda que não nos apercebamos de tais intentos, a inteligência ultrapassa os bons princípios e os básicos processos civilizacionais, onde o trama só é vivido, quando o seu autor já deu à sola, desresponsabilizando-se por tudo o que se passou.
Nunca esperei que alguém me desse fosse o que fosse, reconheço no entanto a existência de boa gente que, na sua vida têm fama de tudo dar: este mundo e o outro. Na gíria são uns mãos largas, apelidados de bonzinhos e altruístas devotos, ainda assim mantenho a minha de que 95% dos dadores, não dão nada que seja seu, ainda mais – mais de 50% do produto dado, não chega ao terminus da linha.
Ao fazerem uma qualquer oferta, não devo ficar de olhos esbugalhados, devo sim mostrar-me cordial e frontal, tomar uma atitude das várias possíveis e, sem ripostar precipitadamente ao aceitar, é de ponderar as circunstâncias, a legitimidade ou o merecimento de algo, para que possa ser distinguido.
Poderei não ter razão ao fazê-lo com esta linearidade, no entanto, deixem-me ser eu próprio, a comandar os meus sentimentos perante este caso, com os agradecimentos, porque não, caso se verifique a sua bondade, se porventura eu tenha tido merecimento, socorrendo-me assim da minha imperfeição e formação clássicas, para discernir e analisar tal situação.
Com fingimento muitas coisas se oferecem, numa perspectiva de pressão, muita verosimilhança se expõe e põe em marcha, quando o propósito primeiro, será a obtenção de benesses e de privilégios escandalosos ainda que casuísticos, onde se jogam meias verdades para ocultar as verdadeiras razões.
É insuportável quando as leis cegas, introduzem o preço a pagar pela sociedade, quando essa legitimidade é forçada e é cruel, com consequências imprevisíveis e gravosas para a generalidade dos cidadãos, de aventureirismo partidário, com ligações a lóbis, com a anuência de profissões bem colocadas para acessorar minorias, ditadas ao arrepio da lógica social e insuportáveis para muitos, sem alternativas para cumprir tantas obrigações, em momentos de crise ou infortúnio.
Vamos lá ver se nos entendemos, estará o pagode predisposto a afundar-se a cada dia que passa, para que através da Galp o Estado absorva o que já não existe? Como são as condições mínimas para trabalhar?
Terá lógica que os portugueses comam qualquer coisinha, para poderem pagar a sua habitação ao desejarem formar família, ter filhos e sustentá-los a bem da sociedade e do seu País, quando lhe retiram o sem suporte financeiro já orçamentado e previsto?
Será passivo para milhares de portugueses verificarem que, apenas três bancos portugueses no ano de 2006 tiveram lucros de “ mil e quinhentos milhões de euros “, isto se tivermos em atenção à recreação e jogos contabilísticos.
Com o Estado que nos governa, ficar encolhido com medo de represálias do capital face a privilégios, tornando-se assim cúmplice e tendencioso na sua gestão da coisa pública, beneficiando aqueles que com afinidades, conhecimentos e amizades, ficam imunes e intocáveis.
Como cidadão verifico e destrinço entre seriedade e folclore, o aperitivo das crises sociais e da economia, com a simplex.cidade de quem deglute um rajá, onde o apito D e a Casa Pia, onde os bombeiros e o INEM, onde o Director Geral e as taxas suplementares, onde o fecho de empresas, onde os estudantes e o ensino, onde as prescrições Judiciais e as custas, o aborto, a velhice e as casas de repouso, os doentes os hospitais ou as maternidades, ainda que na boca do lobo, passam tantas vezes pela teoria da relatividade… para não dizer outra coisa.
Tudo está posto em causa neste momento, ninguém confia em ninguém nem é confiável, num contexto de selecção dos bons e dos maus, os corruptos e os menos sérios, os pobres e os ricos, os aptos e os calões. Seria fatal se da lógica desta revolução se optasse pela implementação de um outro qualquer imposto, mesmo que se denomine revolucionário.
Pedir aos outros tanta coisa, num momento de desconfiança visível, exigindo o seu esforço tendo como limite o desemprego ou o abandono na velhice, ter amor à camisola é mesmo preferir receber ortigas e aceitá-las, em detrimento de lindas e perfumadas rosas, não sendo um problema de cor, mas sim do inchaço.

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